quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Encarte 2 - 6 Plano de Manejo

1.2.1.3.1. Ocorrência de espécies raras, ameaçadas e endêmicas conforme lista oficial

De acordo com a lista oficial do Ministério do Meio Ambiente (2008), as espécies ameaçadas constatadas no levantamento foram: Araucaria angustifolia, Dicksonia sellowiana, Euterpe edulis e Ocotea catharinensis. E ainda Ocotea porosa e Ocotea odorifera que apresentam distribuição na área amostrada.

1.2.1.3.2. Espécies de interesse econômico

As espécies observadas em campo e que apresentam interesse econômico são:
- Interesse extrativista: Araucaria angustifólia; Ocotea catharinensis, Cedrela fissilis, Cabralea canjerana, Euterpe edulis, ­Ilex paraguariensis;
- Interesse extrativista e ornamental: Dicksonia sellowiana;
- Interesse medicinal: Drymis brasiliensis, Garcinia gardneriana, Hedyosmum brasiliense;
- Interesse ornamental: Podocarpus sellowii, Podocarpus lambertii, Brunfelsia sp.

Bromeliaceae, Orchidaceae, Araceae e Pteridófitas - interesse ornamental.

1.2.1.3.3. Espécies exóticas

As espécies exóticas e a invasão por essas espécies são atualmente consideradas, a segunda maior causa de extinção de espécies nativas, ficando atrás apenas da fragmentação de hábitats (BRASIL, 2007).

De maneira geral, as plantas exóticas na APA são representadas por espécies frutíferas (em plantações ou representadas por indivíduos isolados) e ornamentais. Em alguns locais, aparentemente, estas espécies são representadas por indivíduos esparsos ou isolados que não chegam a comprometer a fisionomia e a estrutura da vegetação, pois se encontram em áreas de cultivo abandonadas, próximo a residências ou ao longo de trilhas como é o caso das frutíferas, como por exemplo, o abacateiro, mangueira, ameixeira, mamoeiro, laranjeira, goiabeira, limoeiro entre outras, verificadas na APA. Como as espécies frutíferas são amplamente apreciadas pela fauna, é possível que algumas acabem por invadir e se propagar em ambiente florestal. No entanto, em alguns casos estas espécies podem alterar a vegetação como é o caso do chuchu presente ao longo de algumas encostas ou da bananeira cultivada extensivamente em várias regiões da APA.

Exóticas ornamentais como Crocosmia crocosmiiflora ocorrem ao longo das margens de estradas e áreas abertas, bem como, a espécie arbórea Magnolia champaca registrada nos pontos 4 e 10 respectivamente. Espécies invasoras como a macrófita aquática Hedychium coronarium (lírio-do-brejo) observada na APA ocorrem ao longo das margens de rios e planícies alagáveis ou com solo hidromórfico.

Cabe aqui destacar o potencial invasor de Hedychium coronarium devido seu sucesso reprodutivo. Essa espécie é capaz de formar densas populações por propagação vegetativa através da expansão de um rizoma ou pela dispersão de fragmentos de rizomas pela água ou roçada mecânica (TUNISON, 1991). Para o controle dessa espécie é necessário, muitas vezes, considerável acompanhamento devido à dificuldade de localizar e remover todos os fragmentos de rizoma, que são capazes de rebrotar (TUNISON, 1991). Segundo Santos e colaboradores (2005) a constatação de características ambientais que propiciaram o melhor desenvolvimento de Hedychium coronarium é um elemento importante para subsidiar planos de manejo e controle da espécie.

Outra espécie invasora com ocorrência na APA que merece atenção é Hovenia dulcis, pois é utilizada para ornamentação, sombra, barreira de quebra-vento e recuperação de áreas degradadas, encontrando-se amplamente distribuída por toda a extensão da APA. É importante salientar que nos pontos 5 e 7 o potencial invasor da espécie parece se confirmar, pois foram observados indivíduos adultos e jovens respectivamente nessas áreas, descaracterizando a vegetação do local.

De acordo com o Instituto Hórus (2010), Hovenia dulcis invade ambientes abertos, áreas degradadas, clareiras de florestas, florestas onde houve interferência de exploração seletiva e até mesmo ambientes florestais competindo por espaço, luz e nutrientes com espécies nativas, reduzindo a disponibilidades destes recursos para estas últimas. Trata-se hoje de uma das espécies exóticas invasoras mais agressivas da bacia do Uruguai, nos ambientes de Floresta Estacional e de Floresta Ombrófila Mista (disponível em <http://www.institutohorus.org.br/inf_fichas.htm>).

Deve-se considerar ainda que esta espécie é apreciada pela fauna podendo facilmente se dispersar vastamente por grandes extensões.

Destaca-se também entre as exóticas as espécies de Pinus sp. e Eucalyptus sp., que ocorrem tanto em reflorestamentos bem como indivíduos isolados em áreas de vegetação nativa. Nestes casos, deve-se considerar que a dispersão é anemocórica e, apesar das sementes serem pequenas comparativamente com outras espécies florestais, são produzidas em abundância. Portanto, a avaliação do potencial invasor dessas espécies será possível apenas através de estudos que acompanhem a sua dinâmica populacional.

1.2.1.4. Conclusões


A APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold é formada por um mosaico de formações florestais e campestres resultantes de variações do relevo, solo e clima o que torna este espaço rico em fisionomias vegetacionais, abrigando em seu interior espécies e comunidades de grande valor econômico e ecológico, além de inúmeros corpos hídricos relevantes para o abastecimento de água no município de São Bento do Sul – SC.

A vegetação da APA sofreu exploração pretérita, resultando na alteração e em muitos casos descaracterização da fisionomia da floresta existente, sendo observados atualmente diversos estágios de sucessão secundária. No entanto, abriga uma grande diversidade de espécies do Bioma Mata Atlântica, incluindo algumas ameaçadas de extinção constituindo-se, portanto de uma área de relevante interesse para a conservação e preservação nesse bioma.