1.2. Meio Biótico
1.2.1. Flora
1.2.1.1. Materiais e Métodos
A realização do estudo referente à vegetação na APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold foi baseada no método de Avaliação Ecológica Rápida (AER), abrangendo 10 pontos amostrais. Os pontos previamente selecionados foram alocados a fim de abranger as diferentes fitofisionomias e estádios sucessionais presentes na APA.
Durante um período aproximado de 3 horas foram realizadas observações minuciosas a fim de caracterizar a fitofisionomia da vegetação, estádio sucessional, estado de conservação, composição florística (as espécies mais representativas em cada estrato) e identificar os fatores de degradação históricos e atuais, além das pressões a que estão submetidas cada um dos pontos. As fotos podem ser vistas no Anexo 3.
As espécies, principalmente as arbóreas, foram determinadas em campo com o auxílio de um binóculo e as demais através de coletas de amostras realizadas com uma tesoura de poda ou um podão. As espécies que se encontravam reprodutivas foram coletadas, herborizadas e encaminhadas ao Herbário Joinvillea (JOI) para processamento, identificação e incorporação à coleção. As duplicatas foram encaminhadas ao Herbário Dr. Roberto Miguel Klein (FURB).
A classificação das espécies em famílias seguiu o sistema do Angiosperm Phylogeny Group (APG, 2009), e os binômios das espécies foram atualizados segundo a classificação disponível no Missouri Botanical Garden (2010) e literatura especializada.
A classificação dos estágios sucessionais seguiu as definições estabelecidas na Resolução do CONAMA nº 4, de 4 de maio de 1994 - que define vegetação primária e secundária nos estágios inicial, médio e avançado de regeneração da Mata Atlântica.
1.2.1.2. Classificação da vegetação
A APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold encontra-se inserida no bioma Mata Atlântica, onde as formações florestais são constituídas pelas Florestas Ombrófila Densa e Ombrófila Mista. Além das formações florestais existem pequenos remanescentes ou núcleos de formações campestres constituindo as Estepes Ombrófilas (campos de altitude) que se intercalam com a Floresta Ombrófila Mista (VELOSO et al., 1991).
As fisionomias avaliadas na APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold pertencem, prioritariamente, à Floresta Ombrófila Densa e Floresta Ombrófila Mista.
A Floresta Ombrófila Densa foi subdividida em cinco formações segundo Veloso e colaboradores (1991), a saber: a) Aluvial: não varia topograficamente e apresenta sempre os mesmos ambientes repetitivos, dentro dos terraços aluviais dos flúvios; b) Terras Baixas: situada entre os 24° de latitude S a 32° de latitude S de 5 até 30 m de altitude; c) Submontana: situada nas encostas entre os 24° de latitude S a 32° de latitude S de 30 até 400 m de altitude; d) Montana: situada no alto das encostas entre os 24° de latitude S a 32° de latitude S de 400 até 1000 m de altitude; e) Alto-montana: situada acima dos limites estabelecidos para a formação Montana.
Segundo Veloso e colaboradores (1991) a Floresta Ombrófila Mista apresenta quatro formações distintas: a) Aluvial: em terraços antigos ao longo dos flúvios; b) Submontana: de 50 até mais ou menos 400 m de altitude; c) Montana: de 400 até mais ou menos 1000 m de altitude; d) Alto-montana: situada a mais de 1000 m de altitude.
Como as fisionomias avaliadas na APA Municipal do Rio Vermelho/Humbold pertencem ao bioma Mata Atlântica, prioritariamente, à Floresta Ombrófila Densa e à Floresta Ombrófila Mista considera-se pertinente apresentar o conceito de floresta, vegetação primária e secundária nos estágios inicial, médio e avançado.
Segundo Veloso e colaboradores (1991), floresta, termo semelhante à mata no sentido popular, firmado cientificamente como conjunto de sinúsias dominado por fanerófitos de alto porte, com quatro estratos bem definidos. Assim sendo, uma formação florestal apresenta dominância de duas sinúsias: macrofanerófitos com altura variando entre 30 e 50 m e mesofanerófitos, cujo porte situa-se entre 20 e 30 m de altura.
De acordo com a Resolução do CONAMA nº 4, de 4 de maio de 1994:
Art. 1º Vegetação primária é aquela de máxima expressão local, com grande diversidade biológica, sendo os efeitos das ações antrópicas mínimos, a ponto de não afetar significativamente suas características originais de estrutura e de espécies, onde são observadas área basal média superior a 20,00 metros quadrados por hectare, DAP médio superior a 25 centímetros e altura total média superior a 20 metros.
Art. 2º Vegetação secundária ou em regeneração é aquela resultante dos processos naturais de sucessão, após supressão total ou parcial da vegetação primária por ações antrópicas ou causas naturais, podendo ocorrer árvores remanescentes da vegetação primária.
Art. 3º Os estágios em regeneração da vegetação secundária a que se refere o artigo 6° do Decreto 750/93, passam a ser assim definidos:
I - Estágio inicial de regeneração:
a) Nesse estágio a área basal média é de até 8 metros quadrados por hectare;
b) Fisionomia herbáceo/arbustiva de porte baixo; altura total média até 4 metros, com cobertura vegetal variando de fechada a aberta;
b) Fisionomia herbáceo/arbustiva de porte baixo; altura total média até 4 metros, com cobertura vegetal variando de fechada a aberta;
c) Espécies lenhosas com distribuição diamétrica de pequena amplitude: DAP médio até 8 centímetros;
d) Epífitas, se existentes, são representadas principalmente por líquens, briófitas e pteridófitas, com baixa diversidade;
e) Trepadeiras, se presentes, são geralmente herbáceas;
f) Serapilheira, quando existente, forma uma camada fina pouco decomposta, contínua ou não;
g) Diversidade biológica variável com poucas espécies arbóreas ou arborescentes, podendo apresentar plântulas de espécies características de outros estágios;
h) Espécies pioneiras abundantes;
h) Espécies pioneiras abundantes;
i) Ausência de subosque;
II - Estágio médio de regeneração:
a) Nesse estágio a área basal média é de até 15,00 metros quadrados por hectare;
b) Fisionomia arbórea e arbustiva predominando sobre a herbácea podendo constituir estratos diferenciados; altura total média de até 12 metros;
b) Fisionomia arbórea e arbustiva predominando sobre a herbácea podendo constituir estratos diferenciados; altura total média de até 12 metros;
c) Cobertura arbórea variando de aberta a fechada, com ocorrência eventual de indivíduos emergentes;
d) Distribuição diamétrica apresentando amplitude moderada, com predomínio dos pequenos diâmetros: DAP médio de até 15 centímetros;
e) Epífitas aparecendo com maior número de indivíduos e espécies em relação ao estágio inicial, sendo mais abundantes na floresta ombrófila;
f) Trepadeiras, quando presentes, são predominantemente lenhosas;
g) Serapilheira presente, variando de espessura, de acordo com as estações do ano e a localização;
h) Diversidade biológica significativa;
i) Subosque presente;
III - Estágio avançado de regeneração:
a) Nesse estágio a área basal média é de até 20,00 metros quadrados por hectare;
b) Fisionomia arbórea dominante sobre as demais, formando um dossel fechado e relativamente uniforme no porte, podendo apresentar árvores emergentes; altura total média de até 20 metros;
c) Espécies emergentes ocorrendo com diferentes graus de intensidade;
d) Copas superiores horizontalmente amplas;
e) Epífitas presentes em grande número de espécies e com grande abundância, principalmente na floresta ombrófila;
f) Distribuição diamétrica de grande amplitude: DAP médio de até 25 centímetros;
g) Trepadeiras geralmente lenhosas, sendo mais abundantes e ricas em espécies na floresta estacional;
h) Serapilheira abundante;
i) Diversidade biológica muito grande devido à complexidade estrutural;
j) Estratos herbáceo, arbustivo e um notadamente arbóreo;
k) Florestas nesse estágio podem apresentar fisionomia semelhante à vegetação primária;
l) Subosque normalmente menos expressivo do que no estágio médio;
m) Dependendo da formação florestal pode haver espécies dominantes;