São Bento no Passado – Reminiscências da Época da Fundação e Povoação do Município – Conforme diários reunidos por Josef Zipperer Sem. Em 1954 Jorge Zipperer publica o livro com Prefácio da 3ª edição em alemão datado em 1935. E do prefácio da 1ª edição em português datado em 1951 por Martim Zipperer.
Josef Zipperer |
Josef Zipperer, Boêmio, se designa Austríaco e demonstra com orgulho a semelhança do Brasil em relação a aproximação de algumas características com sua terra
natal como a forma de governo, relevo...
NA BOÊMIA
- Josef Zipperer nasceu em
14/11/1847 em Rothenbaum na Boêmia, e emigrou em 1873 em São Bento fixando
propriedade na Estrada Wunderwald, faleceu em 24/11/1934.
-O jornal “O Catarinense”
publicou as anotações de Josef Zipperer em 1913, depois foi feito um pequeno
livro.
- “Floresta Negra” localização
denominada pelos romanos das águas entre o mar do Norte e o mar Negro.
- O trabalho era como agregado
com contrato renovado no dia de São Jorge, podiam ter um vaca, galinhas e uma
pequena área para plantio. Mas ficavam a disposição para trabalhar ao dono da
terra em qualquer momento recebendo 6 Kreuzer.
- Poucas pessoas frequentavam a
escola, e ainda assim a maioria no inverno, pois o verão precisavam trabalhar.
- Praticava-se a caça, mas
escondida, pois os animais eram de direito do grande senhor, barão, conde ou do
latifundiário.
- Para melhorar a renda, alguns,
praticava-se o contrabando de fumo, sal e outras mercadorias pela fronteira.
- Muitos imigraram 50 ou até 80
anos antes para a América do Norte ou
zona balcânica do Império Austríaco.
- Existia um interesse de emigrar
para a Austrália embora ninguém sabia como era este continente.
- Zipperer viu na cidade vizinha
de Furth, onde trabalhava de entregador para uma cervejaria, uma prospecto para
emigrar para o Brasil, com terras festeis. Finalmente poderiam ser donos de sua
própria terra e garantir a liberdade ao seus filhos. Num país governado pelo
império, conforme a Áustria e de religião católica.
- 5 famílias da aldeia de Flecken
aceitaram a proposta da Cia Colonizadora: Antonio Zipperer, Georg Stüber, Ignacio
Rohrbacher, Jorge Zipperer e Antonio Suffeck, totalizando 27 pessoas. Venderam
o pouco que tinham, participaram da última missa e seguiram viagem no dia
14/06/1873.
- Seguiram pela estrada de ferro
embarcando na cidade de Furth, com baldeação em Leipzig e Magdeburgo até chegar
no porto de Hamburgo, saindo no dia 17/06/1873. O navio “Sanzibar” transportava
austríacos, galicianos (poloneses), pomeranos e poucos dinamarqueses.
NO NAVIO
- Jorge Zipperer trazia junto na
bagagem um grande crucifixo de metal para colocar em frente a casa, conforme o
costume.
- O navio apresentava fartura de
comida, mas apenas um litro de água por dia por tripulante, para beber/banho...
Logo surgiram piolhos e outros insetos.
NO BRASIL
- Quando chegaram levaram um dia
para atracar no Porto de São Francisco e seguiram com pequenos lanchas até a
colônia Dona Francisca (Joinville), na casa de recepção receberam alimento e
proposta de trabalho para o Km 33 da estrada que se construía no alto da serra.
Até este ponto seguiam de carroça, depois somente a pé ou com mulas por entre a
picada.
- Após 15 dias de trabalho recebiam o dinheiro que cobria as despesas feitas no comércio, onde compravam fiado para obter feijão, farinha, caçarolas, carne seca etc.
- Após 15 dias de trabalho recebiam o dinheiro que cobria as despesas feitas no comércio, onde compravam fiado para obter feijão, farinha, caçarolas, carne seca etc.
- Chegaram em São Bento na margem
de um riacho que recebia o mesmo nome e no dia seguinte (23 de setembro)
receberam os lotes. Na então estrada Wunderwald ( Eng. que abriu a picada em
1853 pelo alto da serra para localizar as terras da Cia Colonizadora, depois
segui com a picada para Blumenau e acabou falecendo).
- Os lotes eram sorteados, mas
foi solicitado para deixar grupos conhecidos de mesma origem, e assim surgiu a
estrada dos Poloneses.
- Cada imigrante com 20 anos, ou
mais, poderia adquirir um lote com aproximadamente 10 alqueires (100
morgos/geiras).
- O primeiro abrigo foi
construído, e após três semanas os bravos homens buscavam suas esposas e filhos
de “Joinville”, mas antes voltavam a trabalhar na estrada por mais 3 semanas
para então mudarem em definitivo.
- E a subida seguiu com a tropa
de mulas com crianças nos cestos, mulher e pertences pessoais ficando no “Hotel
dos Imigrantes”, a primeira recepção feita pela Cia Colonizadora. Este rancho
também servia para os tropeiros “brasileiros” que traziam mantimentos, para
trocar com outros produtos.
- Novembro iniciou o plantio de
milho e feijão e ao mesmo tempo aumentavam e melhoravam as “casas”.
- 1874 primeiras semeaduras de
centeio, com sementes vindas de Avencal de um velho imigrante, o Sr. João
Sauer.
- No feriado santo de 02/02/1874,
Zipperer entra em sua propriedade desafiar a densa vegetação para conhecer a
propriedade e providenciar alguma caça. Não encontrou nenhuma caça, mas
percebeu que estava perdido, seu tiros ao alto, acabou a munição, deu gritos,
quando após seguir um rio foi encontrado. Nunca mais procurou caçar, nem mesmo
os filhos, e a espingarda enferrujou no canto da casa. Muitos outros imigrantes
também se perdiam na floresta.
- Sr. Henrique Reusing foi o
primeiro comerciante, (junto da atual Praça Getúlio Vargas).
- Escreviam cartas aos amigos e
parente da Áustria com referência que nem o Barão de Münchhausen faria melhor
descrição de tamanha exuberância. Com referências que não pagavam pelos
médicos, pelo ensino e não existiam impostos. Mas não mencionavam que não existiam
médicos, nem escolas e a caça era escassa.
IGREJA DE ROTHENBAUM veja também https://saobentonopassado.wordpress.com/2013/11/20/rothenbaum-a-paroquia-destruida/ VEJA TAMBÉM A DISTRIBUIÇÃO DOS LOTES DA COLONIZAÇÃO NO ENDEREÇO |
http://marcelohubel.blogspot.com.br/2014/09/os-imigrantes-e-os-lotes-da-colonizacao.html
FOTOS HISTÓRICAS DE SÃO BENTO DO SUL