quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

GENEALOGIA O Início da História - PIONEIROS


GENEALOGIA

O Início da História

Imagino que o fortalecimento da humanidade contemporânea vem, em parte, pela contribuição e somatório daqueles que buscam pelo passado e pelas pessoas que atualmente representamos. São pesquisadores, indivíduos de bem e de respeito, preocupados em entender uma relação do antes e do agora, na compreensão da própria existência. São estas as primeiras pessoas que fogem do egocentrismo e entendem a socialização, no sentido de valor igualitário. Resgatar a própria identidade no envolvimento da reconstituição do passado, de outras gerações, é compreender a abrangência de outras épocas e situações diferentes que no pensamento beiram a própria filosofia do existir. A reconstituição da genealogia vem sendo uma atividade crescente nos últimos anos, desempenhada não apenas pelos historiadores, mas em grande maioria, por leigos que procuram pelas origens de suas famílias. 


Ao montar a genealogia não se deve cair na tentação da valorização extrema e particular do próprio sobrenome, à qual somos eminentemente tendenciosos. Supondo, ainda, que não tivéssemos esse desprendimento de visão, poderíamos fazer uma comparação: devemos considerar que temos 4 avós, 8 bisavós, 16 trisavós, 32 tetravós, 64 pentavós, e assim sucessivamente, ficando, portanto, evidente a ampla ascendência. Não somos um nome, não nos revelamos na importância de uma única “linhagem”, mesmo que significativa, mas somos integrantes de reações complexas, ou, diria ainda, sínteses relativamente elaboradas.

É importante diagnosticar que nossa formação é uma combinação de genes que perdura dos tempos mais longínquos, milhões de anos, derivando de um ancestral, e que neste regresso por gerações entendamos que a igualdade do DNA nos mostra evidentemente a similaridade entre os povos dos diferentes continentes. Numa amplitude maior, imaginando a própria origem, nossa existência se justifica num único entender. Somos apenas um ser e sem distinções. Quem dera se as pessoas compreendessem essa situação real e não perdurasse o racismo, este espectro degenerativo da sociedade.

No estudo da genealogia se compreende que a evolução, no sentido biológico, é definida como mudança, enquanto a evolução, para a filosofia, é a definição de melhoria, mas ambas as ciências se misturam e nos direcionam a entender essas coadjuvantes frequentemente vinculadas na história. Portanto, quando estudamos a genealogia também nos deparamos com outras situações que não somente de interpretação biológica. Há um resgate da integração com a história e a percepção de que as famílias não podem ser observadas separadamente, mas são importantes quando tratadas no somatório, na evidência de diferentes manifestações e expressões culturais, tão ricas e importantes, que são parte da formação da sociedade, pujante na formação sólida da civilização. Esse entendimento realmente é evidente quando feita a pesquisa da genealogia, sendo um regresso para o passado que deve ter importância não somente na busca de figuras históricas, nobres ou de ilustres antepassados, mastambém daqueles que passaram à margem da “Grande História”. São as pessoas simples, os antepassados mais humildes, que se tornam grandes personagens e de relevante mérito. E, repentinamente, nos vêm muitos questionamentos. Afinal, quem eram, como viviam, o que faziam, quais eram suas pretensões? A procura constante de familiares em registros guardados em casas
paroquiais, arquivos históricos e cartórios nos traz revelações surpreendentes. A empolgação cresce ainda mais ao conseguirmos resgatar uma foto e, intuitivamente, buscar naquela imagem características hereditárias, traços étnicos. E, conforme se amplia a pesquisa, abre-se um leque ainda maior de possibilidades de investigação: a procura de pertences pessoais, casos de gêmeos, doenças cromossômicas e justificativas de falecimento. Mas a pesquisa não envolve somente a hereditariedade, fotos, nomes ou documentos. A cada passo ocorre um envolvimento mais familiar, direcionando a atenção para a descoberta de um pouco mais da nossa história individual. É nessa oportunidade que é desvendado um mundo completamente diferente. A curiosidade não deve residir apenas no “onde nasceram” e “como morreram” nossos antepassados, mas nos usos e costumes únicos de um tempo que não mais retornará. Cada povo vive seu cotidiano com um jeito próprio de ser e interagir. Acontecem mudanças significativas no dia a dia das pessoas. Não é possível dizer até que ponto as alterações ocorrem para uma situação de melhoria ou de estagnação e perda de valores e conceitos. Somos coadjuvantes da transformação, respondemos por estímulos e sensações do desenvolvimento intelectual e comportamental. Claramente diferenciamos o passado do presente, ou deveríamos chamá-lo de futuro, pelo avanço da tecnologia, da ciência, da melhoria
da qualidade de vida. A busca contínua pelas condições adequadas de equilíbrio econômico, social e ambiental gera transformações, separando o atual do passado. Mas o propósito de caminhar para o melhor
deve ser alcançado com o estudo das situações vividas anteriormente,do quanto podemos aproveitar o passado, tanto observando seus erros como seus grandes feitos e, assim, embasar o bem-estar atual com atitudes coerentes. Não é possível nos furtarmos do passado. A história é um campo vasto de conhecimento e o somatório desse aprendizado pode influir diretamente no potencial de cada pessoa.

A principal motivação de todas as espécies é a sucessiva transmissão do DNA, ou seja, garantir a existência de outra geração pela continuidade da vida. Na espécie humana, mesmo quem não tem condições de ter filhos, por razões pessoais ou biológicas, intuitivamente cuida e zela pelos familiares mais próximos como forma de garantir a perpetuidade dos genes da família. Mas a raça humana diferencia-se das outras espécies
por motivações que vão além da transmissão de sua carga genética. Ao longo de nossa história perfizemos um caminho trilhado por séculos de transformações sociais e culturais, com alterações de usos e costumes
em proporções fantásticas. Seria um descaso com a história resguardar
o conhecimento adquirido para satisfação pessoal. Alguns dos maiores
prazeres de nossa existência estão diretamente relacionados com o gosto
do redescobrimento.

Assim, deixo neste livro a representação de uma época que se inicia com os pioneiros do Planalto Norte Catarinense e Sudeste do Paraná, revelando situações pitorescas de um tempo distante e mostrando um pouco do cotidiano de pessoas que já passaram, mas que deixaram para a nossa existência prova de seu esforço para o progresso da terra na qual escolheram viver.

Livro: PIONEIROS 2012 Marcelo Hübel