Usina abre as portas
para novo projeto educacional
Por: Mariana Honesko - A Gazeta
Empreendimento inicia
capacitação de professores da rede municipal
O caminho é sinuoso,
mas o aspecto cênico compensa a curta viagem. Morros, mirantes e uma vegetação
que não se vê em qualquer cidade, compõe o convite para uma visita à Usina Rio
Vermelho de Energia (URVE), na pacata Rio Natal. A comunidade, que fica a cerca
de 20 minutos do Centro da cidade, foi escolhida para sediar a construção de
duas barragens hidrelétricas. No entanto, mais do que divulgar o funcionamento
e a potência da usina, a direção do empreendimento iniciou nesta semana a
capacitação dos professores da rede municipal. Participaram da proposta inicial
os docentes que lecionam nas disciplinas de História e Geografia. Ontem, foi a
vez dos professores de ciências participarem do treinamento.
Programa de Educação Ambiental - URVE - Marcelo Hübel |
A proposta é tão
recente quanto ao novo espaço: trata-se do Centro de Estudos e Pesquisas
Hidrológicas e Ambientais Rio Vermelho (CEPHARV), um ambiente que lembra uma
sala de aula, mas cuja dinâmica vai muito além. “A partir dos professores,
vamos receber também os alunos”, explica o gerente da URVE, Demitry Weber. O
projeto conta com a parceria da Secretaria de Educação. A visitação dos
estudantes deve começar nas próximas semana, após a capacitação dos professores
convidados. No dia 20, professores de história e geografia estarão na URVE.
“Além do conteúdo no centro de estudo, temos também dinâmicas, caminhada na
trilha e uma visita à barragem”, explica o biólogo e monitor do projeto,
Marcelo Hübel.
Na usina, os
professores têm acesso ao material fotográfico que registram a fauna e flora
dos oito milhões de metros quadrados da área preservada. Weber, que não esconde
sua paixão pelo assunto, tem em seu banco de imagens cerca de dez mil
fotografias. Neste aspecto, os recursos tecnológicos são favoráveis à pesquisa.
Câmeras importadas, que funcionam com sensores de movimento, registram cenas
únicas, capazes de tirar o fôlego até dos professores.
PUMA
Um dos maiores
destaques é a imagem de um Puma, animal popularmente chamado de “leãozinho” e
que está ameaçado de extinção no Brasil. “Se ele existe aqui, quer dizer que
toda a cadeia alimentar também existe”, comenta Weber. Jaguatirica,
cachorro-do-mato e veado, também já foram flagrados. “E não apenas um único
exemplar, mas sim vários deles”, comenta Hübel. A nova aquisição de máquinas
fotográficas vai permitir mais e melhores registros. Elas são acionadas por um
sensor quando o animal está a até 21 metros de distância do equipamento. As que
são usadas hoje exigem uma aproximação maior.
FAUNA E FLORA PODEM SER
EXPLORADAS EM SALA DE AULA.
Para os professores a
certeza da existência de uma fauna rica foi um dos capítulos que causou maior
entusiasmo. “Nós trabalhamos ecossistemas e procuramos focar no que temos em
nossa região. Para os alunos, é mais fácil falar do leão da África, por
exemplo, porque eles não sabiam oque temos aqui”, comentou o professor Russsiel
Rodrigues, que leciona na Escola Municipal Antônio Treml.
A informação, para o
professor, Renato Quoste, foi uma descoberta. Para seus alunos, acredita que
ela se torne uma ferramenta para pesquisa. “Fiquei realmente surpreso com o que
eu encontrei por aqui. Já consigo até imaginar os alunos trabalhando neste
centro de estudos, descobrindo tudo isso”, sorri o profissional, que atua nas
Escolas Emílio Engel e Dalmir Pedro Cubas.
Energia renovável é o
capítulo abordado na capacitação. “Mostramos também como funciona a usina e
como a energia pode ser aproveitada”, detalha o monitor da proposta. Para a
professora, Lilian Guzatto Pedrozo, que leciona nas escolas, Lúcia Tschoeke e
Denise Harms, é justamente esse aspecto o que faltava para tornar o assunto em
sala de aula mais atraente. “Esse conhecimento e as visitas aqui são
ferramentas par o aprendizado das crianças. Não sá a questão ambiental, mas das
diferentes energias”, comenta a professora. Nos estabelecimentos de ensino em
que leciona o assunto é abordado ente o sexto e nono ano.
O projeto do CEPHARV
garante aso professores a memorização do que é ensinado em sala de aula. Para
casa, os docentes levam um “manual”.
Nele há mapas, endereços, uma breve análise da região aonde a usina está
instalada e as condições de monitoramento de água. “Temos uma parceria com o
SAMAE, que garante a análise da água periodicamente, lembra o gerente da URVE.
PRODUÇÃO DE ENERGIA E
SUSTENTABILDIADE
A URVE existe deste
2004 e fica em uma propriedade particular do empresário Frank Bollmann. Desde
2009 ela gera energia. “A energia é jogada no sistema nacional e a vendemos
para as empresas que tenham interesse desde que sejam consumidores livres”,
explica Weber. O espaço reúne duas usinas: uma Central Geradora Hidrelétrica
(CGH), cuja geração é de 0,4 megawatts e uma Pequena Central Hidrelétrica
(PCH), com potência de 2,4 megawatts. A previsão é de que outras sete barragens
sejam construídas no início do ano que vem. Juntos, a geração total de energia
pode chegar a 27 megawatts, suficiente área abastecer 180 mil habitantes.
A CGH e a PCH estão
inseridas na bacia do Rio Vermelho. Pensando na preservação do espaço onde elas
estão. Frank Bollmann assumiu os 741 hectares. Boa parte da área é de
preservação permanente. “Mas mesmo assim, era uma região que sofria ameaça dos
caçadores. Nós já encontramos animais mortos. Hoje, isso não acontece mais”,
explica Weber. A natureza ganhou uma ajuda extra do empresário e do projeto
liderado por ele.
Além de preservar o que
já existe, houve um incremento no número de espécies. Alevinos foram depositados
em lagos e algumas variedades de árvores, plantadas. “Plantamos muitos pés de
palmito e cuidamos da preservação da flora também”, lembra o gerente da URVE.
Um passeio pela trilha
O caminho que leva à
PCH revela o potencial da área de preservação. Ontem, com exceção de um pequeno
trecho cheio de lama, que testou a habilidade de um dos motoristas da TUPER, o
circuito foi facilmente percorrido pelos professores. A trilha ecológica foi
outra surpresa para os visitantes. O espaço é longo e estreito, mas sinalizado
com placas informativas sobre os animais, fauna típica da região. O material é
baseado nos registros fotográficos feitos ao longo da criação da usina. Em
alguns casos, até as pegadas do animal está registrada. Logo, a PCH pode ser
observada. É possível caminhar sobre a construção e ter noções do funcionamento
da usina.
PCH Rio Vermelho 2,4MW - Marcelo Hübel |
CGH Rio Vermelho 0,4MW - Marcelo Hübel |
Biólogo Marcelo Hübel - Diretora Daniela Garcia Pscheidt - Secretária Alcione T. Hinke. Parceria em Educação Ambiental |
Biólogo Marcelo Hübel -Presidente do SAMAE Osmar Telma. URVE e SAMAE na mesma bacia hidrográfica |