Karl Wilhelm Bendlin
partiu do porto de Hamburgo em 29 de dezembro de 1873, acompanhado da esposa,
Wilhermine, e dos seus quatro filhos. Em 1874 os passageiros que estavam a
bordo do navio desembarcaram na Colônia Dona Francisca e seguiram em direção a
São Bento do Sul. Aqui, Bendlin adquiriu o lote colonial número 30, na Estrada
Wunderwald. Naquele mesmo ano, o imigrante faleceu e, como não havia cemitério,
foi enterrado no seu próprio terreno, perto de sua casa. Como foi um dos
primeiros colonos a falecer na cidade, a sua esposa teve muita dificuldade em
achar um caixão e realizar o sepultamento. Apenas alguns dias depois, com a
ajuda dos trabalhadores que estavam sob as ordens do engenheiro Alberto Kröhne,
a 20 quilômetros de distância, ela conseguiu fazer o funeral. Junto à
sepultura, a viúva Bendlin plantou uma árvore, acoplada a tumba há mais de 100
anos. (A GAZETA, 29/10/2014 Layra Olsen).
Livro: São Bento no Passado
Conforme diários reunidos por Josef Zipperer sem 1945. Pg 33;34;35.
Em 1874, teve lugar o primeiro
sepultamento em São Bento, do qual resultou fosse eu, oficialmente, designado,
pela Administração, para o cargo de fabricante de caixões funerários.
Vou contar este episódio.
No correr daquele ano, estávamos
trabalhando na abertura da estrada Dona Francisca, quando, uma tarde, pelas
duas horas, apareceram as senhoras Bendlin e Hackbarth, moradoras na estrada
Wunderwald, e, debaixo de lágrimas e lamentos, comunicaram-nos a morte do
marido da primeira.
Esta mostrava-se ainda mais aflita, pelo fato de não haver
nenhum homem nos arredores, que a auxiliasse no enterro, empreendimento que,
sozinha, não poderia realizar. Já não chorava mais pela perda do esposo, mas
sim, porque ainda não lhe tivesse dado um sepultamento cristão, pois, falecera
há mais de três dias e do morto, que ainda permanecia, intocado, em seu leito,
já se desprendia um horrível mau cheiro. No primeiro dia tinha procurado os vizinhos
para o lado da estrada Dona Francisca, onde esperava encontrar seus
conterrâneos, da Pomerânia. Todos os homens, no entanto, estavam trabalhando
uns trinta quilômetros adiante de Campo Alegre. No segundo dia correu toda a
Estrada Wunderwald, sem achar um homem sequer , e, no terceiro dia, abriu, ela
mesma, uma cova, a dez passos da sua palhoça, correu, com a referida sua
vizinha a sede do núcleo, ao vendeiro Reusing, que indicou então as duas mulher
a picada onde trabalhávamos, sob as ordens do engenheiro Alberto Kröhne.
Seja dito de passagem, aos que
não conhecem a região nem as distâncias, que o percurso da morada da Sra.
Bendlin até o local do nosso trabalho, era de uns vinte quilômetros, todo ele
por picadas, que mal permitiam o trânsito de pedestres.
O Snr. Kröhne, prontamente, me incumbiu
de acompanhar as mulheres a sede, de pedir a Direção as necessárias tábuas e de
fazer o caixão, para enterrar o defunto tão logo quanto possível.
Voltei com elas até a casa de meu
pai, onde morava e onde dispunha das indispensáveis ferramentas.
Ao anoitecer o caixão estava
pronto, muito embora nunca tivesse feito um em minha vida; era de tábuas
rachadas, da grossura de três centímetros e nada secas. Tábuas serradas ainda
não se tinha. Saiu pesadíssimo e agora restava-nos, a mim e as duas mulheres,
carregar este peso por mais de sete quilômetros, através do mato, pelo picadão
das mulas de tropas. Creio, que descansamos umas cem vezes, e, assim, passava
de meia-noite, quando chegamos ao nosso destino.
Um vizinho doentio, o velho Gatz
e um filho de Bendlin, de seis anos, velavam o defunto, que tinha entrado em
franca decomposição, pois falecera há quatro dias. Os dois alimentavam uma
grande fogueira, cujo forte clarão emprestava a cena um aspecto espetacularmente
lúgubre.
Ninguém quis, ou pode me ajudar,
a pôr o cadáver dento da minha verdadeira obra prima de caixão, tão pavoroso
era o cheiro, que aquele exalava; portanto, tinha que agir sozinho. Encostei o
caixão aberto ao lado do morto e fiz rolar este para dentro dele não sem antes
encher bem o meu cachimbo, para soltar baforadas enorme, afim de
insensibilizar, o mais possível, o meu órgão olfativo.
Se já o caixão vazio era pesado,
agora, que recebera o defunto, foi simplesmente impossível carrega-lo a sepultura.
Trancei, pois, uma corda de
taquara, que nele amarrei, e, enquanto eu ia puxando, as mulheres empurravam,
e, deste modo, conseguimos arrasta-lo até a cova já aberta, na qual, com outras
tantas dificuldades, fizemo-lo, enfim, baixar. Fechamos a sepultura e depois de
uma prece em conjunto, caminhei, inteiramente exausto, de volta para casa, onde
cheguei ao clarear do dia.
A viúva Bendlin plantou, a
cabeceira da sepultura, um pinheiro, que é hoje uma bela e alta árvore, de
quase quarenta anos, e, toda vez que por lá passo, faz me lembrar aquele
enterro noturno, cercado de tantas dificuldades.
Livro: Joinville Os Pioneiros II
Documentos e História – 1867 a 1881 pg 298 e 299
Maria Thereza Böbel e Raquel S.
Tiago
Editora Univille 2005
Navio Elwwod Cooper – 29/12/1873
Após a partida de Hamburgo, o
Elwood Cooper foi assaltado pelo cólera. O navio ficou de quarentena em
Cuxhaven. Infelizmente 10 passageiros faleceram ainda no Elba.
Neste navio estavam os imigrantes
da família de Wilhelm Bendlin (44 anos Operário de Tempelburg – Pomerânia –
Religião Protestante) com a esposa Wilhelmine (40 anos) e os filhos: Caroline
(16 anos); Carl (15 anos); Louise (9 anos) e Albert (6 anos).
Ainda neste navio vieram outros
da família Bendlin sendo Ferdinand (40 ANOS Alfaiate de Tempelburg – Pomerânia
– Protestante – Res. No Caminho do Meio falecendo em 3/6/1917) viajou com a
esposa Wilhelmine (35 anos – nascida em 15/3/1837, Lindow, Pomerânia. Res. No
Caminho do Meio. Falecida em 22/4/1911.
Colônia Dona Francisca. No dia 16
de outubro foi expedido de Hamburgo o navio “Elwood Cooper”, capitão Höpken,
trazendo a bordo imigrantes para Dona Francisca. Além destes, traz ainda 156
colonos para Blumenau e 17 par a Colônia Itajaí. Daqueles 133 destinados para
cá, são: 89 alemães (85 da Prússia, 2 da Saxônia, 1 de Mecklenburg, 1 de
Hamburgo), 35 dinamarqueses, 6 austríacos, 4 suecos; 70 são do sexo masculino,
63 do feminino; 9 são católicos, 124 protestantes; 65 são adultos, 68 menores
de idade; 88 têm mais de 10 anos, 35 tem de 4 a 10 anos, 10 menores que 4 anos.
O total divide-se em 22 famílias e 21 solteiros. Quanto as profissões há entre
eles: 4 sapateiros, 2 marceneiros, 1 alfaiate, 1 comerciante, 2 ferreiros e 1
carpinteiro; os outros são lavradores. Infelizmente, uma carta de 22 de outubro,
expedida logo após a partida do navio, noticia que a bordo dele se desencadeou
o cólera, e o navio foi obrigado a ficar em quarentena em Cuxhaven (Kolonie
Zeitung, 29/11/1873).
Colônia Dona Francisca. No dia 29
de dezembro aportou em São Francisco o navio “Elwood Cooper”. Entre os
passageiros há cerca de 120 destinados à Colonia Dona Francisca. O estado de
saúde geral é bom (Kolonie Zeitung, 3/1/1874).
Colônia Dona Francisca. O navio
“Elwood Cooper”, aportado em 29 de dezembro em São Francisco, trouxe para cá
123 pessoas (outras 10 pessoas faleceram ainda no Elba, vitimadas pelo cólera).
Destas somente 87 vieram para Joinville, visto que 32 irlandeses e uma família
sueca de 4 pessoas seguiram de São Francisco imediatamente para a região de
Curitiba. O navio tinha ainda a bordo 182 colonos para Blumenau e Itajaí. Houve
algumas queixas contra o tratamento e alimentação durante a viagem (Kolonie
Zeitung, 10/1/1874).
Colônia Dona Francisca. No dia 5
de abril deve ter sido expedido de Hamburgo o navio “Friedeburg”, capitão E.
Koper, com imigrantes para Blumenau, Leopoldina e Dona Francisca. Até 5 de
março havia 160 inscritos para Blumenau e 25 para Dona Francisca (Kolonie
Zeitung, 2/5/1874)
Ainda sobre Wilhelm BENDLIN
consta:
Anúncios: À venda: diversos
objetos em bom estado, tais como: colchões, roupas femininas e masculinas,
toalhas de mão e mesa, uma peça de linho, 2 relógios de pulso, ferramentas de
marceneiro, plaina, formão, furadeira etc., por preços extremamente baratos.
Tratar com o alfaiate Bendlin, perto do Cemitério Evangélico (Kolonie Zeitung,
17/4/1880).