sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Macaco / Bugio-ruivo / Alouatta guariba em São Bento do Sul SC

ORDEM PRIMATES

A principal característica deste grupo é o polegar que oposto ao demais dedos, que proporciona uma facilidade em manusear objetos. A posição dos olhos é frontal, binocular, de profundidade, permitindo o foco de um ponto. A forma anatômica permite vários movimentos, favorecendo aos representantes arborícolas a locomoção na copada das árvores. O desenvolvimento do cérebro é fator do sucesso evolutivo tendo a capacidade de entendimento de causa e efeito.


 FAMÍLIA CEBIDAE
Bugio-ruivo, Bugio-preto, macaco-prego


Bugio-ruivo
Alouatta guariba

Características: num mesmo bando existem diversificações na coloração, mas predominantemente o macho é marrom forte e brilhante enquanto a fêmea é marrom mais escuro, opaco ao preto. Pesa em média 8kg e pode chegar a medir até 1,80m da ponta do focinho até a extremidade da cauda. A espeça barba que recobre o queiro é característico da espécie. A cauda preênsil é utilizada para o deslocamento por entre as copadas. Não faz grandes saltos.
Habitat: Áreas de florestas, nas copas das árvores.
Distribuição: No Brasil da Bahia até o Rio Grande do Sul, ocorrendo ainda na Bolívia e Argentina.

Curiosidades: Estudos sugerem que esta espécie pode sobreviver em área de até 10 hectares ou 100.000m² e com nucleação ainda menor conforme a estação do ano. Sua vocalização é inconfundível o som pode ser percebido a grandes distâncias e serve basicamente para marcar o território. Em campo observei um casal de bugios, que percebendo minha aproximação, não se afastaram, mas urinaram soltaram fezes, me encaravam e emitiam forte e contínuo som, chegando a cuspir em baba, inclusive a fêmea, mas esta com menor entonação. Após me afastar cerca de 60m avistei eles por cima da copa e quando assobiei pararam a vocalização e me olhavam em silêncio, em minha saída pela estrada. Enfim deixei seu território. Em muitos momento foi possível avista-los ou ovi-los. No vale do Rio Vermelho dois grupos se encontram e trocam fortes e repetidos “gritos”. Em um dos grupos apenas duas fêmeas e um macho. A voz forte ocorre devido o desenvolvimento do osso hióide localizado entre a laringe e a base da língua. Os grupos podem ser de 2 até 12 indivíduos, e o macho do grupo provoca o som mais estridente, podendo ser seguido ou acompanhado de outros com voz mais baixa e pouco expressiva. Sua alimentação é dividida entre sementes, frutas, brotos, folhas, insetos. Em relação a vegetação estudos demostram que esta espécies se alimenta de até 43 espécies diferentes, utilizando frutos ou folhas. Seu deslocamento é relativamente lento e não investe em saltos representativos mas em utilização da cauda e membros. Ainda no vale do Rio Vermelho em um bando passou lentamente, observando de forma curiosa minha presença, alguns paravam coçavam o pelo de forma frenética, uma das fêmeas ficou tempo observando, deitada no galho e bocejando, saindo em retirada para não ficar sem o grupo. As árvores são seu habitat, não gosta de ficar no chão onde é presa fácil, mas não raramente é visto cruzando estradas para alcançar outras árvores. Os filhotes ao nascerem ficam presos no corpo da mãe, geralmente nasce um filhote. Apresenta hábitos diurnos. Não se adaptam ao cativeiro, morrendo facilmente. 
O Bugio é o animal que inspirou a dança e música genuinamente sul brasileira, quando em São Francisco de Paula, no Rio Grande do Sul, o gaúcho copiava o som do animal no teclado da gaita. A própria dança é uma imitação do sugestivo andar desengonçado do macaco, e registros antigos constam que em bailes de grupos fechados originalmente as pessoas abaixavam parte da vestimenta de baixo no momento da dança, num simbolismo ao animal. Uma autêntica cultura brasileira.

Bugio em São Bento do Sul/SC - Foto: Marcelo Hübel

Bugio em São Bento do Sul/SC - Foto: Marcelo Hübel

Bugio em São Bento do Sul/SC - Foto: Marcelo Hübel

Bugio em São Bento do Sul/SC - Foto: Marcelo Hübel