terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Tropeiros, Gaúchos, Cavalos, Carroções, Mulas...


O TROPEIRISMO, OS CARROÇÕES E SEUS EXÍMIOS CONDUTORES

Animais valorosos

Antes de narrar a vida dos tropeiros e agricultores, esses primeiros representantes do épico momento da colonização próximo do ano de 1850, é interessante apresentar outros fatores ou eventos que estão relativamente correlacionados a essas famílias.
Não poderíamos falar de tropeiros, estes exímios comerciantes, sem antes entendermos todo o contexto e apontarmos algumas situações interessantes para a compreensão da profissão, sua contribuição e formação cultural, e dos animais associados e utilizados.
O uso da tração animal é a própria justificativa do surgimento e consagração do tropeirismo. A importância da resistência desses valorosos animais reflete-se no sucesso do desenvolvimento da economia, que teve o alicerce na utilização dessas criaturas, que foram empregadas nas mais diversas atividades.
Os animais de maior influência e importância para o tropeirismo são: o boi, o cavalo, o jumento e a mula, sendo este último o motivo de maior apreciação devido à estreita relação de atividade econômica. O gado foi extremamente necessário e impulsionou a economia no Brasil, sendo fonte nutritiva e de riqueza em alimento. Também foi utilizado em trabalhos de campo e no aproveitamento de derivados e subprodutos. O cavalo de porte alto é relativamente “exigente” quanto à alimentação, sustenta elegância, sendo apropriado para cavalgar, embora tenha sido de fundamental importância na história do Brasil como um meio de transporte e serviço extremamente útil e necessário, seja pela tração de carroças, carroções, charretes, arados, arraste de toras e demais serviços ou utilidade relacionados ao campo ou cidades do passado. Está ainda presente nas mais variadas manifestações históricas do Brasil. Já o jumento ou burro apresenta alta resistência, tolerando a sede e a fome, e quando come se alimenta de tudo, até de espinhos. É de trote curto, com passos lentos, mas supera todos os terrenos, até mesmo os mais acidentados, com firmeza e persistência, sendo apropriado para o transporte, principalmente de mercadorias. O cruzamento destas duas espécies distintas, a égua com o burro (Equina e Asinina), gera a mula, animal híbrido, mas de qualidades inigualáveis. Apresenta porte, força e resistência numa performance espetacular, uma combinação perfeita para as atividades de trabalho mais austeras.

Tropas de Mulas

As mulas foram, sem dúvida, os animais mais importantes e de valor para o transporte de mercadorias, produtos e matérias-primas. Por longos períodos, ela impulsionou a economia em parte do Brasil, sendo integrante na prestação de serviços, essencial e altamente representativa no ciclo da cana-de-açúcar e na exploração de minérios, ouro e diamantes em Minas Gerais. Portanto, a própria comercialização desses muares também foi de grande importância, gerando valores consideráveis. No início, o país ainda não apresentava condições de fornecer tais animais para atender à alta demanda, deflagrada de forma tão repentina. A salvação foi o contrabando desses exemplares da Argentina. As primeiras mulas da Argentina foram introduzidas pelos jesuítas espanhóis, na cidade de Córdoba, local escolhido devido à ampla pastagem e fartura de água. A criação chegou a ser tão importante que tornou a cidade uma referência econômica no país. A mula foi um animal tão valorizado, em determinado período, que um indivíduo valia o preço de 30 cabeças de gado. Então as primeiras tropas de mulas passaram pela Colônia do Sacramento, fundada em 1680 pelos portugueses, às margens do Rio da Prata. A região, que atualmente faz parte do Uruguai, era muito disputada e oscilava seu poderio entre os espanhóis e portugueses que mantinham a rivalidade pela definição do território. Mas, independentemente de quem detivesse o comando, o local sempre fora palco de contrabandos. E, assim, o primeiro bando de mulas que atravessou a fronteira foi conduzido por Cristóvão Pereira de Abreu, em 1731, com uma tropa de
aproximadamente 800 indivíduos.
O Tratado de Tordesilhas dividia a América. E o Rio Grande do Sul pertenceu, por longo período, ao domínio espanhol, o que justifica as similaridades das atividades econômicas, e até mesmo culturais, desse estado com os países vizinhos: Argentina, Uruguai e Paraguai. Mas o tropeirismo “foi essa atividade dinâmica na Bacia do Prata queestimulou o governo português a intervir na região. Mesmo antes da assinatura do Tratado de Madri, em 1750, Portugal atuava no sentido de incorporar a região a seus domínios, interessado em particular no comércio local.” (RECCO, 2007) A marca histórica do tropeirismo no Brasil ficou realmente consagrada em 1731 com a primeira viagem e a difícil tarefa de fazer a trilha e improvisar passagens, que por consequência formaram o caminho do Viamão, ligando o Rio Grande do Sul até Sorocaba, em São Paulo. A “aventura” acabou impulsionando o tropeirismo, essa atividade econômica que foi referência do século XVIII e que ainda se estendeu até o século XIX. Os tropeiros provindos de São Paulo são definidos por Biriva ou Beriva, Beriba ou ainda Biriba. Andavam em mulas e se diferenciavam pelo sotaque diverso do da fronteira ou da região baixa do Estado de São Paulo. Como curiosidade, deixo a letra da música de Léo Almeida, intitulada “Tropeiros”, para apreciação e como forma de interpretação da vida destes tropeiros.

Tropeiros

“O romantismo rendeu versos ao gaudério e a história decantou 
bandeirantes mas foram eles, os birivas, que fizeram 
a integração destes povoados tão distantes”

João Miguel era tropeiro gastou a vida na estrada
Levando mulada chucra do Rio Grande a Sorocaba
Aprendeu nas arribadas que a sorte a gente é que faz
Um biriva de vergonha não deixa mula pra trás

O facão sorocabano levado sem aparato
O chapéu de abas largas as botas de cano alto
O trajar era modesto, mas a mirada era altiva
Subindo ou descendo a serra João Miguel era biriva

(Bota n’água esta madrinha, madrinheiro
Que a tropa vai seguindo enfileirada
Vou na balsa segurando o meu cargueiro
Com as bruacas de paçoca bem socada)

Maria murchou na vida de casa e cabo de enxada
Com um olho nas crianças e o outro fitando a estrada
João Miguel virou lembrança na cruz à beira da trilha
E Maria foi plantada lá no alto da coxilha

João Miguel era tropeiro, seus netos tropeiros são
De esperanças mal domadas que desgarrando se vão
A esperança madrinha segue na frente entonada
E seu cargueiro de sonhos traz a bruaca lotada

Rebanhos de Gado

Outra rota de tropeiros está relacionada à condução de gado. Partia de um outro traçado, iniciando em São Borja, vinculado a Vacaria, entrando novamente no caminho da tropa das mulas. “A palavra “tropeiro” deriva de tropa, numa referência ao conjunto de homens que transportavam gado e mercadoria no Brasil colônia. O termo tem sido usado para designar principalmente o transporte de gado da região do Rio Grande do Sul até os mercados de Minas Gerais, posteriormente São Paulo e Rio de Janeiro.” (RECCO,2007).
O gado, em parte, foi introduzido no início do século XVII pelos Padres Jesuítas, que soltavam o animal nas pradarias na intenção de sustentar os índios. Com o desmantelamento das missões jesuíticas, os espanhóis deixaram para o Rio Grande este legado econômico, com uma quantia de aproximadamente 2.000.000 (dois milhões) de cabeças de gado dispersos pelos pampas, sendo, portanto, selvagens ou também ditos de chimarrão ou orelhano. As primeiras boiadas criadas no Rio Grande do Sul surgiram apenas em 1732, período em que também teve início a criação de mulas no estado. O tropeirismo tomou forma, e homens pilchados comercializavam rebanhos do Rio Grande do Sul, levados e vendidos em São Paulo. O tropeirismo certamente foi uma das atividades de efeito social e econômico mais representativas, devendo ser respeitado porque é o ícone de progresso e distribuição de valores culturais, referenciados num movimento que marcou a América do Sul. Teve início em 1731 e finalizou somente em 1959, deixando um rastro de saudades e prosperidade. 


Os Tropeiros

Os primeiros tropeiros do país foram de origem paulista, vicentina, os de origem portuguesa. O tropeirismo durou mais de 200 anos e logicamente despertou outros condutores de tropas pelo sul do país, incorporando sobremaneira a constituição de “gaúchos” e agora também dos Birivas, chamados ainda de beriva, beriba ou biriba, que são os descendentes de bandeirantes ou dos tropeiros paulistas. Os tropeiros surgem no Rio Grande do Sul e são parte da cultura, tendo evidente influência na formação do gaúcho, embora apresentem algumas características distintas justificadas pela própria jornada de trabalho. “No entanto podemos dizer que ao longo do século XVI e início do XVII, o Rio Grande do Sul era “terra de ninguém”, habitada principalmente por índios guaranis, e por onde passavam eventualmente alguns bandeirantes em busca de índios para apresar e escravizar. Esse quadro foi modificado com a chegada de padres jesuítas.” (RECCO, 2007). Mas no Rio Grande do Sul, a presença espanhola e portuguesa já se estendia desde 1501, embora não houvessem desembarcado na costa pelas terríveis condições do litoral e a falta de um porto natural. A partir de 1626 começa a aparecer o primeiro padre jesuíta. E no ano de “1680 finalmente Portugal resolve marcar presença na região Sul para enfrentar o expansionismo espanhol: Dom Manoel Lobofunda a Colônia do Santíssimo Sacramento, que vai ser decisiva para o surgimento do gaúcho.” (FAGUNDES, 1994) 
As tropeadas uniram o sul do país e distribuíram pelos caminhos tortuosos sua cultura, usos e costumes, como, por exemplo, a apresentação de sua culinária, com o emprego de diferentes farinhas, sendo principalmente a de milho e mandioca, iguarias que complementavam o prato: virado de feijão, arroz e carne-seca, café, fubá, farofa e couve picada e, ainda, conforme a ocasião, o pinhão. E de bebidas alcoólicas bebiam a cachaça, mas apenas em ocasiões especiais. Os alimentos são, em sua maioria, secos, para assim permanecerem conservados nas longas viagens. Em pousadas mais prolongadas também faziam o assado de carnes e pratos mais sofisticados. O traje tropeiro era relativamente variado, ocorrendo algumas alterações, justificadas pelas distintas origens, mas de forma geral usava-se o chapéu de abas largas, as botas de cano alto, calças folgadas e camisas de algodão grosso, guaiaca para levar o dinheiro, poncho, facão e uma arma de fogo. Os tropeiros gaúchos se diferenciavam pelo uso de chapéu de abas mais estreitas e lenço.
O tropeiro apresentava algumas definições interessantes para sua tropa. A mula mais velha ou ainda uma égua portava um cincerro e se colocava mais à frente do bando, assumindo postura de respeito ao grupo e atribuindo posição de guia para a mulada, sendo muito importante para conduzir o rebanho nos tortuosos caminhos, nos locais mais estreitos, nos campos e, principalmente, na travessia da água. Os tropeiros a chamavam de “madrinha”. O palavreado tropeiro também traz outras expressões interessantes.As bolsas de couro utilizadas para transporte eram chamadas de “bruaca” e os apetrechos que cada animal apresentava eram conhecidos como “malotagem”, que eram suportados por “canguaia” ou “cangalha”. Paraguardar a roupa usavam-se as “canastras”. O pouso em pasto aberto era chamado de “encosto” e, quando existia algum abrigo, era o “rancho”. No grupo de tropeiros havia divisão de trabalhos, cada qual com suas responsabilidades. A tropa era comandada pelo dono, que tinha o apoio de um ou mais capatazes. Também existiam os peões ou camaradas, o madrinheiro (conduzia uma égua-madrinha na frente da tropa atuando como guia, encorajando a mulada a seguir o caminho, seja por terra, água ou encostas perigosas), o batedor (andava mais na frente verificando o caminho, levava as guias para passagem nos registros e organizava o percurso da tropa pelos povoados), o contador (contava a tropa sempre que necessário, garantindo a totalidade dos animais) e o cozinheiro, certamente de qualidades indispensáveis. Uma pessoa experiente do grupo era escolhida para resgatar alguma mula que poderia sair da tropa, chamada de “as arribadas”. A captura da mula poderia durar dias, mas o sucesso no regresso era sustentado com orgulho e dever cumprido, já o fracasso era a vergonha.
O tropeirismo é um alicerce de respeito, não somente pela influência que proporcionou com as viagens no sul do País, mas também porque descambou muitos dos integrantes pelos caminhos e rotas, que assim se fixaram e formaram algumas cidades. Mesmo com toda a importância que o tropeirismo representou, por longo período, seu fim também chegou. A atividade foi se esgotando com o aparecimento das estradas de ferro, que fizeram com que os animais de carga perdessem sua importância econômica.

Gaúchos sem Fronteiras

O significado da palavra gaúcho traz inúmeras interpretações, mas de forma geral e gentílica, representa um “povo” nômade, vaqueano, peão campeiro, tropeiro e cantor de sua terra, trazendo expressões culturais na revelação da dança, gastronomia, músicas etc. “Os primeiros camponeses a serem chamados de gaúchos foram os gaudérios, mestiços, índios, peões, contrabandistas, caçadores de gado chimarrão, teatinos.” (LAMBERTY, 1992)
A origem do nome gaúcho vem por intermédio de diferentes influências de línguas e etnias. Mas também está relacionada à definição do árabe persa de raiz indo-europeia tal qual descrita por Zeno Cardoso Nunes e Rui Cardoso Nunes – Dicionário de Regionalismos do Rio Grande do Sul, que complementam a posição de Lamberty:“... uma profunda ligação das palavras de origem com gado, rebanhos, pastagens, tropeiros, nômades ou camponeses...”. Mas a referência marcada da palavra “gaúcho” é genuinamente a apresentação de um povo que, por fim, formou uma sociedade comunal, sendo atualmente uma denominação do morador do Rio Grande do Sul ou, de forma mais audaz, do sul do país, na representação dos descendentes ou dos apreciadores do tradicionalismo gaúcho. O Rio Grande do Sul é fruto da miscigenação de índios, espanhóis, bandeirantes, açorianos, negros, alemães e italianos, constituindo o próprio gaúcho pela representação de uma mescla de etnias. Ainda assim podemos também dizer que um alemão, um italiano, um açoriano ou alguém de qualquer outra origem pode ser considerado como “gaúcho”, pois este não define uma etnia. A cultura deste povo é cada vez mais aceita no meio social e firmou-se nos Centros de Tradições Gaúchas, movimento que teve início em 1948, sendo preservado pelos filhos rio-grandenses e até mesmo por moradores de outros estados que sentem orgulho e respeito por esta cultura essencialmente brasileira, sendo gaúchos de coração. O tradicionalismo se irradiou principalmente porque o gaúcho não ficou restrito em seu estado e, superando os limites geográficos, alcançou outras localidades do Brasil, influenciando as cidades por onde passou, ou ainda, nas quais se fixou.

Carroções e Carroças

A referência de animais de carga também envolve o emprego com êxito na utilização de mulas na tração dos carroções, culminando com o surgimento de estradas, embora em grande parte as carroças ou ainda os carroções também utilizassem a força da tração dos cavalos ou do gado, situação que no Sul ocorreu principalmente nos séculos XVIII e XIX. Essa atividade foi imprescindível para o desenvolvimento econômico com o transporte de diferentes mercadorias, algumas essenciais para suprir as necessidades básicas e para completar as vendas do comércio de
mercearias de secos e molhados, ou ainda, para entregar matéria-prima para ervateiras ou serrarias.
Em muitas situações e até mesmo nas mais corriqueiras, as carroças eram movidas a tração de apenas dois cavalos ou ainda quatro, sendo, neste último caso, dois de rédea e dois de coice. Mas um carroção que exigia maior força era composto por oito animais, enfileirados em duas linhas, paralelas ao eixo do carroção, sendo dois animais ditos de coice posicionados atrás e centralmente, dois de rédea posicionados frontalmente e no centro, e quatro laterais ditos de corrente sendo, portanto, dois de cada lado. Curiosamente cada animal recebia um nome, como descrito por Arnoldo M. Bach no livro “Carroções Outras Histórias”: “O barulho da guizeiras penduradas nos
pescoços de Redomão, Palermo, Jabuticaba, Pitanga, Jabuti, Serelepe, Assombração e Faroleiro quebravam o silêncio da solitária estrada...” ou ainda “Os muares do carroção de João Mayer atendiam por Mico, Grilo, Sanhaço, Arapuca, Perdiz, Serelepe, Pernilongo e Preta. Os do Carroção
de Francisco: do cabeçalho, Beleza e Lontra; da rédea, Mulata e Tesoura; da corrente, Negrita, Chata, Crocodilo e Guarani”. (BACH, 2005). Os carroções e carroças faziam o transporte da erva-mate, ainda em galhos, produto da colheita, ou então já beneficiada e armazenada em barricas.
A erva-mate foi a pungente marca de ordem econômica e a principal responsável pela Emancipação Política do Paraná no século XIX, chegando a representar 85% da economia da província. De igual forma, e tão significativa quanto, atingiu a mesma importância para o desenvolvimento de outros estados sulinos. Mas muitos carroções também foram conduzidos pelo gado. Especialmente no Rio Grande do Sul, os carroções se consagraram no emprego de três ou quatro juntas de bois. Mesmo pela quantidade de animais utilizados para força e tração, as subidas muito íngremes exigiam um esforço máximo dos bois de coice, que ficavam de joelhos para suportar
o peso. Particularmente em nossa região, as carroças eram muito comuns para o transporte de mercadorias e produtos de serviços ou ainda para deslocamento de pessoas, passeios e outros compromissos.
Existem histórias muito interessantes do emprego de carroções/carroças,
conforme contadas no ano de 2000 pelo Sr. Pedro Cipra, de Rio Negrinho. “Há muitos anos as carroças eram muito comuns. Era costume terem em sua lateral a fixação de cochos para os cavalos comerem o milho, mas quando os carroceiros paravam próximo de uma residência para alimentar os cavalos, não raramente pulavam uma ou mais galinhas dentro dos cochos. O carroceiro, percebendo os “intrusos”, disfarçava e fechava a tampa do cocho, seguindo a viagem faceiramente.” 
Outro fato interessante ocorria quando da introdução do caminhão
na cidade de Rio Negrinho. “Os caminhões surgiram na região, estesalém de serem mais rápidos, também eram mais fortes e transportavam uma quantidade maior, competindo com o frete. Numa certa estrada de chão, de alto declive seguido de forte aclive, os carroceiros jogavam água na estrada, a fim de impedir a passagem dos caminhões que então patinavam e não conseguiam subir. Não tendo outra opção, esperavam a estrada secar. Assim os carroceiros garantiam uma vantagem de viagem e a preferência pelo frete”.

Fonte: Livro "PIONEIROS" Marcelo Hübel

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

GENEALOGIA O Início da História - PIONEIROS


GENEALOGIA

O Início da História

Imagino que o fortalecimento da humanidade contemporânea vem, em parte, pela contribuição e somatório daqueles que buscam pelo passado e pelas pessoas que atualmente representamos. São pesquisadores, indivíduos de bem e de respeito, preocupados em entender uma relação do antes e do agora, na compreensão da própria existência. São estas as primeiras pessoas que fogem do egocentrismo e entendem a socialização, no sentido de valor igualitário. Resgatar a própria identidade no envolvimento da reconstituição do passado, de outras gerações, é compreender a abrangência de outras épocas e situações diferentes que no pensamento beiram a própria filosofia do existir. A reconstituição da genealogia vem sendo uma atividade crescente nos últimos anos, desempenhada não apenas pelos historiadores, mas em grande maioria, por leigos que procuram pelas origens de suas famílias. 


Ao montar a genealogia não se deve cair na tentação da valorização extrema e particular do próprio sobrenome, à qual somos eminentemente tendenciosos. Supondo, ainda, que não tivéssemos esse desprendimento de visão, poderíamos fazer uma comparação: devemos considerar que temos 4 avós, 8 bisavós, 16 trisavós, 32 tetravós, 64 pentavós, e assim sucessivamente, ficando, portanto, evidente a ampla ascendência. Não somos um nome, não nos revelamos na importância de uma única “linhagem”, mesmo que significativa, mas somos integrantes de reações complexas, ou, diria ainda, sínteses relativamente elaboradas.

É importante diagnosticar que nossa formação é uma combinação de genes que perdura dos tempos mais longínquos, milhões de anos, derivando de um ancestral, e que neste regresso por gerações entendamos que a igualdade do DNA nos mostra evidentemente a similaridade entre os povos dos diferentes continentes. Numa amplitude maior, imaginando a própria origem, nossa existência se justifica num único entender. Somos apenas um ser e sem distinções. Quem dera se as pessoas compreendessem essa situação real e não perdurasse o racismo, este espectro degenerativo da sociedade.

No estudo da genealogia se compreende que a evolução, no sentido biológico, é definida como mudança, enquanto a evolução, para a filosofia, é a definição de melhoria, mas ambas as ciências se misturam e nos direcionam a entender essas coadjuvantes frequentemente vinculadas na história. Portanto, quando estudamos a genealogia também nos deparamos com outras situações que não somente de interpretação biológica. Há um resgate da integração com a história e a percepção de que as famílias não podem ser observadas separadamente, mas são importantes quando tratadas no somatório, na evidência de diferentes manifestações e expressões culturais, tão ricas e importantes, que são parte da formação da sociedade, pujante na formação sólida da civilização. Esse entendimento realmente é evidente quando feita a pesquisa da genealogia, sendo um regresso para o passado que deve ter importância não somente na busca de figuras históricas, nobres ou de ilustres antepassados, mastambém daqueles que passaram à margem da “Grande História”. São as pessoas simples, os antepassados mais humildes, que se tornam grandes personagens e de relevante mérito. E, repentinamente, nos vêm muitos questionamentos. Afinal, quem eram, como viviam, o que faziam, quais eram suas pretensões? A procura constante de familiares em registros guardados em casas
paroquiais, arquivos históricos e cartórios nos traz revelações surpreendentes. A empolgação cresce ainda mais ao conseguirmos resgatar uma foto e, intuitivamente, buscar naquela imagem características hereditárias, traços étnicos. E, conforme se amplia a pesquisa, abre-se um leque ainda maior de possibilidades de investigação: a procura de pertences pessoais, casos de gêmeos, doenças cromossômicas e justificativas de falecimento. Mas a pesquisa não envolve somente a hereditariedade, fotos, nomes ou documentos. A cada passo ocorre um envolvimento mais familiar, direcionando a atenção para a descoberta de um pouco mais da nossa história individual. É nessa oportunidade que é desvendado um mundo completamente diferente. A curiosidade não deve residir apenas no “onde nasceram” e “como morreram” nossos antepassados, mas nos usos e costumes únicos de um tempo que não mais retornará. Cada povo vive seu cotidiano com um jeito próprio de ser e interagir. Acontecem mudanças significativas no dia a dia das pessoas. Não é possível dizer até que ponto as alterações ocorrem para uma situação de melhoria ou de estagnação e perda de valores e conceitos. Somos coadjuvantes da transformação, respondemos por estímulos e sensações do desenvolvimento intelectual e comportamental. Claramente diferenciamos o passado do presente, ou deveríamos chamá-lo de futuro, pelo avanço da tecnologia, da ciência, da melhoria
da qualidade de vida. A busca contínua pelas condições adequadas de equilíbrio econômico, social e ambiental gera transformações, separando o atual do passado. Mas o propósito de caminhar para o melhor
deve ser alcançado com o estudo das situações vividas anteriormente,do quanto podemos aproveitar o passado, tanto observando seus erros como seus grandes feitos e, assim, embasar o bem-estar atual com atitudes coerentes. Não é possível nos furtarmos do passado. A história é um campo vasto de conhecimento e o somatório desse aprendizado pode influir diretamente no potencial de cada pessoa.

A principal motivação de todas as espécies é a sucessiva transmissão do DNA, ou seja, garantir a existência de outra geração pela continuidade da vida. Na espécie humana, mesmo quem não tem condições de ter filhos, por razões pessoais ou biológicas, intuitivamente cuida e zela pelos familiares mais próximos como forma de garantir a perpetuidade dos genes da família. Mas a raça humana diferencia-se das outras espécies
por motivações que vão além da transmissão de sua carga genética. Ao longo de nossa história perfizemos um caminho trilhado por séculos de transformações sociais e culturais, com alterações de usos e costumes
em proporções fantásticas. Seria um descaso com a história resguardar
o conhecimento adquirido para satisfação pessoal. Alguns dos maiores
prazeres de nossa existência estão diretamente relacionados com o gosto
do redescobrimento.

Assim, deixo neste livro a representação de uma época que se inicia com os pioneiros do Planalto Norte Catarinense e Sudeste do Paraná, revelando situações pitorescas de um tempo distante e mostrando um pouco do cotidiano de pessoas que já passaram, mas que deixaram para a nossa existência prova de seu esforço para o progresso da terra na qual escolheram viver.

Livro: PIONEIROS 2012 Marcelo Hübel

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Pepino de Salmoura ou Salzgurke ou Pepino no Sal

Não é pickles, não é pepino de conserva, é pepino de salmoura. É uma das receitas mais tradicionais de São Bento do Sul - SC, e faz parte da cultura gastronômica germânica, trazidas pelos imigrantes de 1873.
Embora não seja encontrado em nenhum restaurante da cidade, esta iguaria está presente em muitas residências do município.

PEPINO DE SALMOURA - Salzgurke. O pepino foi valorizado pelos romanos. Atualmente o salzgurke é encontrado no norte e leste da Alemanha, principalmente a leste de uma linha imaginária de Berlim a Viena (Salzgurkenmeridian) mas pode ser encontrado por todo o leste da Europa e Rússia.


RECEITA - PEPINO DE SALMOURA

Receita para pepino azedo, com a utilização de folhas de uva. Para um pote de barro ou vidro ou balde de 3 litros

- 1,5 kg de pepino;
- Para cada pepino um folha de videira;
- 2 dentes de alho (opcional);
- 1 cebola (opcional)
- 6 folhas de louro;
- 3 colheres de sopa de sal (uma colher de sopa, "sem exagero e não sendo rasa", para cada 500 ml de água);
- 1 colher pequena de endro;
- 1 colher pequena de pimenta do reino;
- 1 um copo de vinagre +/- 150 ml (opcional);
- 1,5 L de água da torneira (pelo menos a água tratada aqui de São Bento do Sul é garantido), (alguns preferem água mineral ou de poço, e alguns fervem).

(OBS: Os temperos são opcionais, alguns apenas utilizam: água, sal, pepino e folha de uva).


Enrolar a folha de uva no pepino e acomodar no pote, intercalar os temperos (alho, cebola, pimenta, coendro...mas caso não queira estes temperos pode fazer a receita apenas com sal). Misturar o sal e vinagre na água e completar o pote até cobrir todos os pepinos. Colocar um pequeno prato ou tampa de madeira, com um peso para impedir dos pepinos subirem e apodrecerem (um prato pequeno com uma tigela cheia de água com sal, para dar peso. Mas também pode ser usado o método tradicional com madeira e pedra, conforme foto abaixo). Após 7 ou 10.....dias os pepinos estão prontos para o consumo. A maturação depende da temperatura ambiente e do tamanho dos pepinos, quanto menor, mais rápido. A formação de uma "película branca, esverdeado" superficial é normal e desejável.

O sucesso da receita, para não apodrecer o pepino: ph; sal bem dissolvido na água; o pepino deve ser fresco, de preferência ser tirado direto da horta; folha de uva é um detalhe importante.


O uso de pote de barro pode ser substituído por vidros grandes com tampa. Pode colocar a água por último, acrescentar o sal, fechar a tampa e chacoalhar, até dissolver todo o sal. E esperar por 5 ou 7 dias até estar azedo (não confunda a imagem com pepino de conserva) 




Cortar os extremos, para pegar o tempero, mas não é preciso

Enrolar em folhas de uva, acrescente os temperos e no final coloque a água com o sal diluído, coloque o prato, ou madeira circular, com a pedra e espere por 5 ou 7 dias até o pepino azedar.
O surgimento de "espuma" é um bom sinal, o processo está correto. Cortar as pontas é desnecessário.

Pepinos para salmoura enrolados em folha de uva, última camada

Uma última folha de uva  


Colocar uma "tampa com peso"

Pepinos de Salmoura prontos para consumo

Pote de barro para fazer pepino de salmoura, mas pode ser utilizado vidros grandes e até baldes de plástico.

O Salzgurke acompanhou os imigrantes do Império Áustria - Hungria, da região da Boêmia, para São Bento do Sul em Santa Catarina. 

Esta imigração para o Brasil, em especial São Bento, iniciou em 1873. Nos primeiros anos chegaram cerca de 500 famílias, e destas mais de 80% da Boêmia. 

A Boêmia existiu como monarquia hereditária de 1212 até 1918 (sendo que de 1620 a 1918 esteve anexado ao Reino da Áustria). Todos de cultura germânica. Atualmente esta área é a República Tcheca.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

ANÁLISE DA SAZONALIDADE E DIVERSIDADE DE GÊNEROS DE POÁCEAS EM UMA ÁREA DE CAMPO DE ALTITUDE NA CIDADE DE SÃO BENTO DO SUL - SC


Primeiro trabalho com apoio do Museu Natural Entomológico Ornith Bollmann (2012), e primeira publicação de estudo científico em campos de altitude em São Bento do Sul (2013). 
Uma área natural que precisa ser preservada, mas antes de tudo, conhecer! Na Unidade de Conservação APA Rio Vermelho Humbold e dentro da área de Pagamento de Serviços Ambientais.
O estudo do Biólogo Paulo Geraldo dos Santos Lima, merece destaque e considerações.

Paulo G dos Santos Lima Jana NeumannEveline EspinolaBah XavierAna CristinaEmanuele SpéziaAna BedinAlmir HillesheimElisabeth Espanhol Bachmann,Tays Daia e Juliano Cristofolini.


FACULDADE JANGADA
PAULO GERALDO DOS SANTOS LIMA
ANÁLISE DA SAZONALIDADE E DIVERSIDADE DE GÊNEROS DE POÁCEAS EM UMA ÁREA DE CAMPO DE ALTITUDE NA CIDADE DE SÃO BENTO DO SUL - SC
JARAGUÁ DO SUL – SC
2013




PAULO GERALDO DOS SANTOS LIMA
ANÁLISE DA SAZONALIDADE E DIVERSIDADE DE GÊNEROS DE POÁCEAS EM UMA ÁREA DE CAMPO DE ALTITUDE NA CIDADE DE SÃO BENTO DO SUL - SC
JARAGUÁ DO SUL
2013


Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como pré-requisito parcial para obtenção do Grau de Bacharel em Ciências Biológica.
Orientação do Prof. Ms. Jean Mary Facchini.
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da Faculdade Jangada
Bibliotecária responsável: Aline Menin Ferreira CRB – 14/1360
Esta obra é licenciada por uma licença Creative Commons de atribuição, não é de uso comercial, licença 2

Dedico este trabalho a minha mãe Maria da Glória dos Santos Lima (in memoriam) e a meu pai Jonathas de Andrade Lima (in memoriam). E a meus filhos Ana e Gabriel.

AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Ms. Jean Mary Facchini, pela habilidade com que orientou este trabalho.
À Bibliotecária Aline Menin Ferreira pela normalização técnica.
Ao Prof. Ms. André Luís de Gasper Curador do Herbário Dr. Roberto Miguel Klein Universidade Regional de Blumenau pela identificação dos gêneros.
Ao Biólogo Marcelo Hübel por me indicar a área de estudo e pela sugestão do trabalho.

EPIGRAFE
“Tente! E não diga Que a vitória está perdida Se é de batalhas Que se vive a vida Tente outra vez!”
Raul Seixas

RESUMO
O presente trabalho teve o objetivo de analisar a sazonalidade e diversidade de gêneros de poaceas, em uma área de campo de altitude na cidade de São Bento do Sul – SC, o levantamento florístico dá-se por meio de coletas de material florescido nas parcelas. Localizado no bairro Rio Vermelho, situado na serra do mar no planalto norte de Santa Catarina, a área estudada possui aproximadamente 80 hectares e altitude variando entre 919 a 990 metros. O clima é ameno e com distribuição de chuvas irregular durante o ano e a temperatura atinge valores médios entre 17 à 23ºC durante o dia, na maior parte do ano (IBGE – 2012). A área foi dividida em oito parcelas fixas de 10 x 5 m, distribuídas ao longo da área, conforme Matteucci e Colma (1982). As coletas foram realizadas no período de um ano, com inicio na primavera de 2012, e término no inverno de 2013. Observou-se uma enorme diminuição na floração nos períodos de outono e inverno. Foram detectadas quatro gêneros de gramíneas. A escassez de conhecimento e material sobre as Poaceas, assim como a dificuldade de identificar os Campos de altitude, torna este trabalho necessário para um profundo conhecimento da flora constituinte deste ambiente tão importante e pouco preservado em todo o Brasil.

Palavras-chave: sazonalidade; campos de altitude; espécies em floração.

ABSTRACT
The present study aimed to analyze the seasonality and diversity of genres of poaceas, in an area of high altitude camp in the city of São Bento do Sul-SC, the floristic occurs through collection material flourished in the plots. Located in Red River, located in the hills to the sea on the plateau north of Santa Catarina, the study area has approximately 80 hectares and altitude ranging from 919-990 meters. Climate is mild and rainfall distribution uneven during the year, the temperature reaches average values between 17 to 23 º C during the day, most of the year (IBGE - 2012), the area was divided into eight portions fixed 10 x 5 m distributed over the area as Matteucci and Colma (1982). Samples were collected in the period of one year, starting in spring 2012, and ending in the winter of 2013. There was a huge decrease in bloom during fall and winter. Were detected 4 genera of grasses. The lack of knowledge and material on the Poaceae, as well as the difficulty of identifying the fields of altitude, make this necessary work to a deep knowledge of the flora constituent of this environment as important and poorly preserved throughout Brazil.

Keywords: seasonality; altitude fields; species in bloom.

LISTA DE FIGURAS E TABELAS
Figura 1. Composição florística dos campos de altitude da região de São Bento do Sul – SC
Figura 2. Tipos de raízes de poáceas (A) Embrionárias (B) Adventícias
Figura 3. A - Fitômetro; B – prefoliação conduplicada; C – prefoliação convoluta; D – Hábito cespitoso; E – hábito rizomatoso; F – hábito estolonífero; G – lígula pilosa; H – Lígula membranosa; J – Lígula membrano-ciliada; K – Folha pseudopeciolada
Figura 4. A – Flor; B – Espigueta uniflora com articulação acima das glumas; C e D – Espigueta pluriflora; E – Espigueta biflora com articulação abaixo das glumas; F – Lema; G – Espigueta; H – Antécio; I – Antécio, arista parcialmente removida; J – espigueta mesótona
Figura 5. A – Panícula laxa; B – Panícula contraída; C – Panícula espiciforme; D - Panícula de ramos unilaterais espiciformes digitados; E - Panícula de ramos unilaterais espiciformes verticilados; F - Panícula de ramos unilaterais espiciformes conjugados; G - Panícula de ramos unilaterais espiciformes alternos; H – Espiga dística; I – Cariópse; J – Fruto em germinação
Figura 6. Poaceae do gênero Axonopus
Figura 7. Poáceae do gênero Panicum
Figura 8. Poaceae do gênero Polypogon
Figura 9. Poaceae do gênero Schizachyrium
Figura 10. Imagem de satélite, plano geral de onde esta a área de estudo
Figura 11. Vistas parciais da área de estudo
Figura 12. Foto satélite da área trabalhada e os quadrantes
Figura 13. Ficha de coleta de campo
Figura 14. Gêneros de poaceae coletados durante o trabalho de campo: a – Axonopus; b – Panicum; c - Polypogon e d – Schizachyrium
Figura 15. Exsicatas das possíveis espécies coletadas pertencentes ao gênero Axonopus
Figura 16. Possíveis espécies coletadas pertencentes ao gênero Panicum
Figura 17. Possíveis espécies coletadas pertencentes ao gênero Polypogon
Figura 18. Possíveis espécies coletadas pertencentes ao gênero Schizachyrium
Figura 19: Número de exemplares coletados em cada estação do ano no período de setembro de 2012 à agosto de 2013
Tabela 1: número de exemplares coletados por gêneros
Tabela 02: Identificação taxonômica e caracterização do material coletado quanto ao número de possíveis espécies por gênero, material testemunho e habitat (CL - Campo Limpo, CS – Campo Sujo, MC – Mata Ciliar e AR – Afloramento Rochoso)
Tabela 03: Sazonalidade da floração e habitat dos gêneros coletadas (CL - Campo Limpo, CS – Campo Sujo, MC – Mata Ciliar e AR – Afloramento Rochoso)
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 
OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
REVISÃO DA LITERATURA
CAMPOS DE ALTITUDE
VEGETAÇÃO GERAL DOS CAMPOS
GRAMÍNEAS
Caracterização das Poáceas
Morfofisiologia das Poáceas
Raiz
Caule
Folhas
Flor
Espigueta
Inflorescência
Fruto
Diásporos
Divisão taxonômica das Poáceas
Gênero Axonopus
Gênero Panicum
Gênero Polypogon
Gênero Schizachyrium
CAMPOS NATURAIS DA REGIÃO DE SÃO BENTO SUL
ÁREA TRABALHADA
MATERIAIS E MÉTODOS
MÉTODO DE PARCELAS
COLETAS DE DADOS
ANALISE DOS DADOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
ANALISE TAXONÔMICA
ANALISE DA SAZONALIDADE
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS

1. INTRODUÇÃO
Os campos são formações, onde predomina a vegetação herbácea, em sua grande parte as gramíneas, e por possuir pouco elemento lenhoso, que é representado pelas espécies de hábito arbustivo ou subarbustivo. O IBGE classifica os campos no Brasil, como região fitoecológica da Estepe (IBGE, 2004). As formações mais expressivas de campo no Brasil estão localizadas na região sul, e foram originalmente denominadas de Campos Sulinos (MMA, 2007).
Levando em consideração a regionalização do território nacional em biomas (IBGE, 2004) os campos sulinos são representados pelo Bioma Pampa, que possui uma fisionomia vegetal característica. Enquanto que no Bioma Floresta Atlântica nas porções altas do nordeste do Rio Grande do Sul, sudeste de Santa Catarina e centro-sul do Paraná, estas formações recebem a denominação de campos de altitude. Tais formações estão inseridas no domínio da floresta com Araucaria angustifolia, que formam mosaicos de campo e floresta sendo característica típica da paisagem (BOLDRINI, 2006).
Os campos de altitude possuem uma área total de distribuição estimada em 350 km² (SAFFORD, 1999a). Sua ocorrência junto das formações florestais circundantes está relacionada diretamente ao clima e em segundo plano às condições pedológicas (RIBEIRO; MEDINA, 2002).
Tendo por base o exposto acima, o presente trabalho teve como objetivos, analisar a sazonalidade e a diversidade de poaceas em uma área de campo de altitude na cidade de São Bento do Sul – SC. Para isso, foram realizadas oito coletas sazonais entre os meses de setembro de 2012 e agosto de 2013, totalizando a coleta de 122 exemplares correspondentes a quatro gêneros. Estes resultados nos faz reavaliar a importância de se desenvolver um estudo mais detalhado sobre a população de gramíneas nestas áreas, devido à escassez de trabalhos sobre o tema ou mesmo falta de preservação destas áreas.

2. OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL

Analisar a sazonalidade e a diversidade de gêneros de poaceas em uma área de campo de altitude na cidade de São Bento do Sul – SC.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
 Analisar a sazonalidade das espécies de poaceas encontradas.
 Identificar taxonomicamente em nível de gênero as espécies coletadas.

3. REVISÃO DA LITERATURA

3.1 CAMPOS DE ALTITUDES
Os campos de altitude estão inseridos no Bioma Mata Atlântica e ocorrem nas porções mais elevadas da Serra do Mar, nos estados de Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro, e da Serra da Mantiqueira, com área total de distribuição estimada em 350 km² (SAFFORD, 1999a). Sua ocorrência junto das formações florestais circundantes está relacionada diretamente ao clima e em segundo plano às condições pedológicas (RIBEIRO e MEDINA, 2002). Segundo a EMBRAPA:
É importante destacar que além de sua incontestável relevância biológica, os campos de altitude cumprem funções abióticas relacionadas à manutenção, filtragem e regularização dos sistemas hidrográficos, bem como à imobilização de carbono atmosférico em solos sob regime saturado de hidromorfia, especialmente os Organossolos. Cumprem ainda incomum valor de fixação de carbono todos os solos que possuam horizontes hísticos e húmicos, frequentes em áreas cobertas pelos Campos de Altitude (EMBRAPA, 2006).
As causas de sua formação são complexas e remetem a uma paisagem campestre antiga, do final do Pleistoceno, quando o clima frio e seco dominava a região sudeste do continente sul americano (SAFFORD, 1999b). Ainda, conforme observou o mesmo autor, o elevado número de espécies endêmicas nessa formação indica que esses ambientes são relativamente antigos. Nesse mesmo sentido, evidências paleobotânicas sugerem que os campos de altitude têm coberto os cumes do Sudeste do Brasil ininterruptamente desde o final do Pleistoceno (SAFFORD, 1999a).
Sua estrutura e composição florística (figura 1), são semelhantes à da estepe gramínea lenhosa e à do componente herbáceo da savana (TRAMUJAS, 2000). Os campos de altitude também guardam semelhanças fisionômicas e ecológicas com os campos rupestres, mas diferem pela composição florística e quanto à litológica predominante Os campos rupestres ocorrem predominantemente sobre rochas quartzíticas e areníticas, enquanto os campos de altitude ocorrem predominantemente sobre rochas graníticas e magmáticas (CAIAFA e SILVA, 2005).

Figura 1. Composição florística dos campos de altitude da região de São Bento do Sul - SC.
Fonte: http://geoconceicao.blogspot.com.br/2012/05/sa.html

3.2 VEGETAÇÃO GERAL DOS CAMPOS
Formações campestres são encontradas em diferentes regiões do Brasil, por exemplo, nos altos das montanhas que se distribuem de forma longilínea acompanhando o litoral (Serras do Mar e da Mantiqueira no sul sudeste e Serra Geral no sudeste-nordeste), nos pampas sulinos, os campos cerrados e vegetação sobre as chapadas no centro-oeste e as vegetações abertas do norte. Além disso, o gradiente altitudinal, por exemplo, é um dos fatores determinantes da elevada diversidade da Mata Atlântica (OLIVEIRA-FILHO e FONTES, 2000; GEISE et al., 2004). Entretanto, a configuração espacial da flora nas montanhas centro-costeiras brasileira apresenta numerosas combinações e variações fisionômicas em resposta aos tipos de solo e rocha matriz e características topográficas locais, como continuidade das cimeiras, grau de declividade das escarpas, exposição das encostas e profundidade dos grotões (GIULIETTI e PIRANI, 1988; AB’SABER, 1996; SCHAEFER, et al., 2008). Tais características, somadas aos contatos com diferentes domínios, acarretam em alta diversidade florística e complexa zonação da vegetação, que não se explica apenas pelos gradientes verticais (AB’SABER, 1996;CONCEIÇÃO e PIRANI, 2005).
Dessa forma, mais que formações homogêneas, os chamados campos rupestres e campos de altitude (FERRI, 1980), se caracterizam por mosaicos de tipologias vegetais e são mais bem entendidos como Complexos Rupestres de Altitude (BENITES et al., 2003).
Esses complexos estão relacionados à dinâmica paleoclimática quartenária e estão mais bem representados nas elevações acima de 900 m na Cadeia do Espinhaço e acima de 1500 m nas Serras do Mar e Mantiqueira (SEMIR, 1991), onde se distinguem das formações de savanas ou florestas adjacentes.
Nesta formação constam as matas higrófilas em margens de corpos d’água; cerrado ou matas nebulares e de Araucária; platôs mais ou menos extensos com arbustos densos e campos compostos por ervas e arbustos de numerosas famílias e plantas epilíticas “tapetes de monocotiledôneas” com ervas e arbustos associados, sobre as rochas expostas (POREMBSKI, 2007). Isso revela uma alta diversidade, que é encontrada nos campos rupestres, assim como nos campos de altitude.
O outono e o inverno é o momento em que se verifica a menor taxa de desenvolvimento vegetativo das espécies herbáceas, e no qual há o maior acúmulo de material vegetal senescente, responsável pelo aspecto paleáceo da vegetação (IURK 2008).

3.3 A FAMÍLIA POACEAE
Poaceae (gramineae) representa uma das principais famílias dentre as angiospermas. Pertence à ordem poales que engloba outras famílias importantes como bromeliaceae, cyperaceae e eriocaulaceae (JUDD et al., 2002). Segundo Clayton e Renvoize (1986) e Watson e Dallwitz (1992), hoje existem cerca de 10.000 espécies distribuídas por todos os continentes. O Grass Phylogeny Work Group (GPWG 2000) reconhece 12 subfamílias de poaceae: Anomochlooideae, Pharoideae, Puelioideae, Bambusoideae, Ehrhartoideae, Pooideae, Aristidoideae, Arundinoideae, Chloridoideae, Centothecoideae, Panicoideae e Danthonioideae.
No Brasil, formações campestres são encontradas em todos os seis Biomas (Amazônia, Caatinga, Cerrado, Pantanal, Floresta Atlântica e Pampa), geralmente como ecossistema associado à formação predominante do Bioma. A única exceção é o Bioma Pampa, onde a formação predominante é o campo. Ecossistemas de savanas tropicais, como o cerrado brasileiro e a savana africana, caracterizam-se pelo estrato herbáceo composto por um tapete graminoso, que ocupa biomassa expressiva e é base da cadeia alimentar (JACOBS et al., 1999; SHAW, 2000). Nesses ecossistemas verifica-se altíssima diversidade de espécies de poaceae que se destaca como uma das mais importantes famílias na sua composição florística (HAASE e BECK, 1989; DAVIS et al., 1994; MENDONÇA et al., 1998).
Na mata atlântica, existe uma grande diversidade de ecossistemas, onde a riqueza de gramíneas é igualmente elevada onde se destacam espécies e gêneros endêmicos (SODERSTROM et al. 1988; FILGUEIRAS e SANTOS-GONÇALVES, 2004). Este bioma representa um dos centros de diversidade mundiais da subfamília bambusoideae (JUDZIEWICZ et al., 1999), que é parte importante na composição florística e fisionômica dos seus diversos ecossistemas, como florestas ombrófilas, florestas estacionais, campos de altitude e restingas litorâneas. No Brasil, 65% das espécies nativas de bambusoideae (151 spp.) ocorrem na mata atlântica (FILGUEIRAS e SANTOS-GONÇALVES, 2004).

3.3.1 Caracterização das Poaceas
De distribuição cosmopolita, a Poaceae é a principal vegetação existente nas formações de campo em todo o mundo, sendo em sua maioria representada pelas gramíneas. No interior das florestas, as gramíneas aparecem em menor número, e a espécie que mais se faz presente, pertence principalmente da espécie Bambusoideae e algumas espécies de Panicoideae, principalmente da tribo Paniceae (JUDD et al., 2009).
Esta família possui uma indiscutível importância ecológica e econômica, por estar presente em diversos ecossistemas vegetais, por ser utilizada na alimentação dos animais e pelo uso dos cereais na dieta humana. As quatro espécies mais cultivadas desta família são: o trigo (Triticum aestivum L.), o arroz (Oryza sativa L.), o milho (Zea mays L.) e a cana de açúcar (Saccharum officinarum L.), alimentos básicos para o homem (RÚGOLO DE AGRASAR e PUGLIA, 2004). Hoje as gramíneas fazem parte em 70% das terras cultivadas no mundo e mais de 50% das calorias ingeridas pelo homem originam delas (JUDD et al., 2009).

3.3.2 Morfofisiologia das poáceas
A morfologia das poáceas possui estruturas peculiares da família. A descrição abaixo foi realizada de acordo com Boldrini et al. (2008).

3.3.2.1 Raiz
Segundo a sua origem, as raízes podem ser:
 Embrionárias: originam-se da radícula do embrião; apresentam curta duração, como na maioria das Monocotiledôneas (figura 2 [A]).
 Adventícias ou caulinares: originam-se dos primeiros nós basais ou, em estolhos, também de outros nós que estejam em contato com o solo. São as que formam efetivamente o sistema radical das gramíneas (figura 2 [B]).

Figura 2. Tipos de raízes de poáceas (A) Embrionárias (B) Adventícias.
Fonte: http://www.scielo.br

3.3.2.2 Caule
É do tipo colmo, formados por nós e entrenós. De cada nó surge uma folha e podem surgir inovações.
A estrutura básica vegetativa de uma gramínea é o fitômero, o qual é constituído por um entrenó, um nó, uma folha e uma gema. (Figura 3A).
Frequentemente os entrenós basais são muito curtos, proporcionando uma maior concentração de folhas na base da planta. Em certos gêneros se formam dois ou três nós muito aproximados nas extremidades dos entrenós longos. Tais nós têm, cada um, sua folha correspondente, aparentando ter folhas opostas ou dando a impressão errônea de que várias folhas partem do mesmo nó.
Os entrenós podem ser ocos como ocorre na taquara lixa, ou podem ser cheios como ocorre no milho, na cana de açúcar e na criciúma.

Da região meristemática, situada logo acima dos nós do colmo, nas axilas das bainhas foliares, podem surgir brotações, inovações e afilhos, que são de dois tipos: intravaginais e extravaginais.
 Intravaginais: o afilho se desenvolve no interior da bainha da folha, e surge sem rompê-la.
 Extravaginais: o afilho rompe a base da bainha foliar, desenvolvendo-se para fora da mesma.

Formas de crescimento:
 Cespitoso ereta: quando os entrenós basais são muito curtos, produzindo afilhos eretos em cada nó, formando touceiras. Como nos mostra a figura 3D. Às vezes os entrenós basais não são tão aproximados e, por não emitirem afilhos, não formam touceiras.
 Cespitoso decumbente: quando os colmos crescem recostados ao solo, sem enraizamento nos nós, só se erguendo o colmo florífero que tem a inflorescência.
 Estolonífera: quando os colmos aéreos são rasteiros, enraízam-se nos nós em contato com o solo, originando-se novas partes aéreas em cada nó (estolho). (Figura 3F).
 Rizomatosa: o colmo é geralmente subterrâneo, aclorofilado, coberto por catáfilos e geralmente é engrossado, pelo acúmulo de reservas. Dos nós partem as raízes e novas plantas. Os rizomas podem ser longos e relativamente finos (leptomorfos), constituindo órgãos de propagação muito ativos. Podem ser curtos e nem sempre são grossos, crescendo somente junto à planta que os emite, que permanece com a parte aérea semelhante a uma touceira. Os rizomas curtos, em alguns casos, podem ser muito engrossados (paquimorfos), como em bambus lignificados (Figura 3E).
Consistência:
Em geral os colmos são herbáceos, mas, podem ser lignificados ou pouco lignificados.

3.3.2.3 Folhas
Têm disposição alterno dísticas e constam de:
 Bainha: parte da folha que é alongada, em forma de cartucho envolvendo o colmo, que nasce no nó e cobre total ou parcialmente o entrenó. Em geral é aberta.
 Lígula: estrutura situada na face adaxial (ventral) da folha, na região limítrofe entre a bainha e a lâmina. Pode ser membranosa, como, por exemplo, nas gramíneas da tribo Poeae (Figura 3H); pilosa como nas gramíneas da tribo Eragrostideae (Figura 3I); membranoso-ciliada (Figura 3J). Raramente pode estar ausente, o que ocorre, em algumas espécies de Panicum.
 Lâmina: em geral linear paralelinérvea. Nas espécies florestais pode ser lanceolada e unida à bainha por um breve pseudopecíolo, como por exemplo, em gramíneas da tribo Bambuseae (Figura 3K).
 Aurículas: são prolongamentos laterais, em ambos os lados da base da lâmina, que abraçam o colmo. Estão ausentes na maioria das gramíneas. Permitem reconhecer os cereais de inverno antes do florescimento (Figura 3G).
Nas folhas jovens, pode-se observar a prefoliação, isto é, a disposição da lâmina no afilho, antes de sair totalmente da bainha. Pode ser:
 Prefoliação conduplicada: a lâmina se apresenta dobrada ao longo da nervura principal, como as folhas de um livro. (Figura 3B).
 Prefoliação convoluta: a lâmina se apresenta enrolada em forma de cartucho. (Figura 3C).
Figura 3. A - Fitômetro; B – prefoliação conduplicada; C – prefoliação convoluta; D – Hábito cespitoso; E – hábito rizomatoso; F – hábito estolonífero; G – lígula pilosa; H – Lígula membranosa; J – Lígula membrano-ciliada; K – Folha pseudopeciolada.
Fonte: Boldrini et al. (2008).

3.3.2.4 Flor
A flor consta dos verticilos sexuais, androceu e gineceu e de um perigônio rudimentar, representado pelas lodículas (Figura 4A). São protegidas por duas brácteas, lema e pálea, que constituem o conjunto chamado antécio.
 Androceu: consta geralmente de três estames, podendo ocorrer 1, 2, 6 ou 9.
 Gineceu: o ovário é geralmente bicarpelar, unilocular, unisseminado e apresenta, em geral, dois estiletes curtos com estigmas plumosos. Em alguns gêneros da subfamília Bambusoideae é tricarpelar, com três estigmas, mas sempre unilocular.
 Lodículas: são dois pequenos órgãos membranosos que se localizam aos lados do ovário, raramente ausentes. Ao tornarem-se turgescentes, auxiliam na abertura do antécio que protege a flor, possibilitando a saída dos estames e estigmas.
As flores, em geral, são bissexuadas, mas podem ser unissexuadas, como no caso do Zea mays. Dioicismo é raro entre as gramíneas.

3.3.2.5 Espigueta
Representa a inflorescência básica das gramíneas, constituída de um par basal de brácteas estéreis, denominadas glumas, e de um eixo denominado ráquila, o qual sustenta as glumas e os antécios. As glumas e antécios têm disposição alterno dística sobre a ráquila (Figuras 4B, 4C, 4D e 2E).
No interior dos antécios (conjuntos de lema e pálea) podem ou não ocorrer flores. O antécio sem flor no seu interior é denominado estéril ou neutro.
As flores mais velhas localizam-se na base da espigueta e as mais jovens na ápice, ao contrário das inflorescências gerais (sinflorescências), onde as espiguetas mais velhas situam-se no ápice.
Glumas: são brácteas estéreis que precedem o conjunto de antécios. Em geral, há duas glumas para cada espigueta, podendo ocorrer redução de uma delas ou, mais raramente, das duas. A gluma mais externa é denominada gluma inferior ou gluma I, e a seguinte, gluma superior ou gluma II. As glumas podem ou não apresentar um prolongamento filiforme da nervura arista. Quando a zona de articulação da espigueta está abaixo das glumas, isto é, no ápice do pedicelo, estas são caducas (Figura 4E). Esta característica ocorre nas tribos Paniceae, Andropogoneae, Melinideae e Arundinelleae. Quando a zona de articulação da espigueta está acima das glumas, isto é, na base da ráquila, estas são persistentes após a queda dos antécios maduros (Figura 4B). Esta característica é comum nas outras tribos de gramíneas, com poucas exceções.
Lema: bráctea inferior de antécio, mais externa, com uma nervura central uniquilhada, com uma ou mais nervuras, ou pode ser mútico.
 Arista, quando a sua posição ao lema:
 Apical: quando se insere no ápice do lema. (Figura 4H).
 Dorsal: quando se insere no dorso do lema. (Figura 4F e 4G).
 Arista quanto a sua estrutura:
 Simples: formada de um só ramo. (Figura 4I).
 Trifida: apresenta-se tripartida. (Figura 4H).
Pálea: Bráctea superior e mais interna do antécio, situada oposta ao lema, envolvendo a flor. Em geral é biquilhada e mais curta que o lema.
Características das espiguetas:
 Quanto ao número de flores, as espiguetas podem ser:
 Unifloras: constam de uma só flor (Figura 4B). Podem considerar-se unifloras também as que possuem um antécio com uma flor bissexuada acompanhada por um segundo e terceiro antécio neutro (Figura 4E).
 Bifloras: constam de duas flores (Figura 4E).
 Plurifloras: constam de duas ou mais flores (Figuras 4C e 4D).
 Quanto à posição dos antécios frutíferos, a espigueta pode ser:
 Basítona: é aquela que possui o antécio basal frutífero com flor bissexuada, e os apicais neutros, que podem ser de tamanho semelhante aos basaisou de tamanho reduzido, até rudimentares (Figura 4C).
 Acrótona: é aquela cujo antécio apical é frutífero, com uma flor bissexuada, e os basais neutros ou estaminados, reduzidos em tamanho ou não (Figura 4E).
 Mesótona: é aquela cujo antécio mediano é frutífero, sendo os basais e os apicais neutros, reduzidos em tamanho ou não. É raro entre as gramíneas (Figura 4J).
Figura 4. A – Flor; B – Espigueta uniflora com articulação acima das glumas; C e D – Espigueta pluriflora; E – Espigueta biflora com articulação abaixo das glumas; F – Lema; G – Espigueta; H – Antécio; I – Antécio, arista parcialmente removida; J – espigueta mesótona.
Fonte: Boldrini et al. (2008) – modificada pelo autor.
gluma l
gluma ll

3.3.2.6 Inflorescências
O conjunto de espiguetas forma uma inflorescência composta denominada de sinflorescência. As espiguetas mais novas estão localizadas na base e as mais velhas no ápice da inflorescência.
As inflorescências podem ser dos seguintes tipos:
 Panícula: possui a ráquis alongada ou curta, da qual partem ramificações de duas ou mais ordens, onde se inserem as espiguetas. Cada espigueta está sustentada por um pedicelo.
 Laxa: os ramos e pedicelos são longos e as espiguetas ficam separadas entre si (Figura 5A).
 Contraída: os ramos e pedicelos são geralmente curtos e aproximados à ráquis (Figura 5B).
 Espiciforme: os ramos são muito curtos e as espiguetas aparentemente subsésseis sobre a ráquis (Figura 5C).
 Panícula de ramos unilaterais espiciformes: as espiguetas acham-se dispostas em dois ou mais ramos (raramente apenas um na extremidade do colmo florífero), voltadas para um só lado do ráquis.
o Os ramos unilaterais espiciformes podem ser:
 Verticilados ou subverticilados: os ramos formam um verticilo, ou quase, na extremidade do colmo florífero (Figura 5E).
 Digitados: quando os ramos se dispõem em um verticilo na extremidade do colmo florífero, apresentando um ramo em posição inferior (Figura 5D).
 Conjugados: quando existem dois ramos na extremidade do colmo florífero (Figura 5F).
 Alternos: quando os ramos se alternam sobre um eixo principal alongado (Figura 5G).
 Espiga: as espiguetas estão dispostas diretamente sobre a ráquis.
 Dística: espiguetas ordenadas em duas séries opostas e alternadas ao longo da ráquis, em um só plano (Figura 5H).
 Cilíndrica: espiguetas acham-se dispostas em várias fileiras ao redor da ráquis.
Figura 5. A – Panícula laxa; B – Panícula contraída; C – Panícula espiciforme; D - Panícula de ramos unilaterais espiciformes digitados; E - Panícula de ramos unilaterais espiciformes verticilados; F - Panícula de ramos unilaterais espiciformes conjugados; G - Panícula de ramos unilaterais espiciformes alternos; H – Espiga dística; I – Cariópse; J – Fruto em germinação.
Fonte: Boldrini et al. (2008).

3.3.2.7 Fruto
O fruto típico é uma cariopse. Em certas espécies pode haver uma modificação deste tipo básico, formando um fruto semelhante a um aquênio ou semelhante a uma baga.
A cariopse apresenta o pericarpo soldado a testa da semente em toda a sua extensão, deixando ver na base, do lado dorsal, o embrião superficial, e do lado ventral, o hilo. Apresenta endosperma abundante (Figura 5I).
O embrião é lateral e consta das seguintes partes:
 Cotilédone, escutelo ou escudete: é aclorofilado e sem reservas nutritivas. É aderido ao endosperma por um epitélio que, durante a germinação, secretam enzimas que ativam a hidrólise do endosperma facilitando a absorção de alimentos solúveis pelo embrião.
 Coleópitile: é o órgão que envolve as folhas embrionárias e o ápice do broto, protegendo-os na emergência do solo. A ultrapassarem a superfície do solo, a coleópitile se rompe e as folhas surgem.
 Radícula: raiz primária.
 Coleorriza: camada de células engrossadas, envolvendo a raiz primária. Exerce as funções de proteção e absorção.
 Epiblasto: pode ou não estar presente. É uma escama oposta ao cotilédone, interpretado por alguns autores como um cotilédone rudimentar.
A germinação do embrião é hipógea: o cotilédone permanece no interior de semente, abaixo da terra, sobre a terra aparece o broto caulinar encimado pela coleópile (Figura 5J).

3.3.2.8 Diásporos
As unidades de disseminação natural variam, podendo ser:
 Cariopse desnuda.
 Antécio – o lema e palha encerram a cariópse.
 Espigueta inteira – a espigueta desprende-se com suas glumas.
 Espiguetas rodeadas por cerdas.
 Inflorescência global – desprende-se toda a panícula.

3.3.3 Divisão taxonômica das poáceas
A família Poaceae é uma das maiores entre as Magnoliophytas, inclui cerca de 800 gêneros e 10.000 espécies (WATSON E DALLWITZ, 1992). No Brasil, são listados 204 gêneros e 1.401 espécies no Catálogo de Plantas e Fungos do Brasil (FILGUEIRAS et al., 2010).
A família Poaceae pertence à ordem Poales, acompanhado de Cyperaceae, Juncaceae, Eriocaulaceae e Bromeliaceae, entre outras (APG III, 2009). A família foi dividida, segundo GPWG (2001), em 12 subfamílias: Anomochlooideae, Pharoideae, Puelioideae, Bambusoideae, Ehrhartoideae, Pooideae, Aristidoideae, Danthonioideae, Arundinoideae, Chloridoideae, Centothecoideae e Panicoideae. Posteriormente, mais uma subfamília foi reconhecida a Micrairoideae (SÁNCHEZ-KEN et al., 2007) e a Centothecoideae foi inclusa na Panicoideae ( SÁNCHEZ-KEN et al., 2010). Portanto, a família Poaceae continua sendo dividida em 12 subfamílias, só que ligeiramente diferente das aceitas por GPWG (2001).

3.3.3.1 Gênero Axonopus
Estoloníferas, menos comunmente cespitosas; ápice da lâmina foliar geralmente obtuso. Panícula de ramos unilaterais especiformes. Espigueta sem gluma I, com gluma II e lemas abaxiais à ráquis, ou seja, com o dorso voltado para fora da ráquis.
Plantas em geral estoloníferas; panícula de ramos unilaterais conjugados até subversilados no ápice do colmo florífero; gluma II e com 1, 2 ou 4 lemas nervados. Nervuras pouco marcadas, sem a nervura central, menos comumente com nervura central, porém pouco marcada. Antécio esverdeado ou esbranquiçado; geralmente sem tricomas longos no ápice dos pedicelos (Figura 6).
Este gênero possui 20 espécies registradas. (BOLDRINI et al., 2008)

Figura 6. Poaceae do gênero Axonopus
Fonte: http://www.wwf.org.br

3.3.3.2 Gênero Panicum
As espécies deste gênero Panicum (figura 7) apresentam panícula laxa ou panícula de ramos unilaterais especiformes, espiguetas com 1 a 2 floras, podendo faltar a páleaI. Existem espécies heliófilas, umbrófilas e de banhados.

Figura 7. Poáceae do gênero Panicum
Fonte: http://www.azoresbioportal.angra.uac.pt

Plantas anuais ou perenes, cespitosas, com ou sem rizomas, eretas, decumbentes, radicantes ou não nos nós inferiores, ou ainda estoloníferas. Prefoliação convoluta. Bainhas foliares quilhadas ou não; colo glabro a piloso, geralmente sem lígula externa definida. Lâminas foliares lineares a oval lanceoladas, mais raramente filiformes, quilhadas ou não, ápice agudo, base atenuada, arredondada, subcordada ou cordada, amplexicaule ou não, simétrica ou assimétrica, com ou sem pseudopecíolo, glabras ou com indumento variado. Lígula membranosa ou membranosa ciliada, mais raramente pilosa ou ausente. Panícula com as espiguetas dispostas irregularmente ao longo de todos os ramos, laxa a contraída, com ramos inferiores alternos, opostos ou verticilados, ou panículas racemosas, com as espiguetas dispostas unilateralmente sobre a ráquis. Espiguetas acrótonas, com dois antécios, o primeiro membranoso, neutro ou com flor estaminada (3 estames), o segundo coriáceo ou subcoriáceo com flor bissexuada (2 a 3 estames), raramente com três antécios. (BOLDRINI et al., 2008).

3.3.3.3 Gênero Polypogon
O gênero Polypogon é constituído por 10 a 20 espécies de regiões temperadas e subtropicais, nos trópicos ocorrendo no alto das cadeias de montanhas (CLAYTON E RENVOIZE, 1986). Caracteriza-se pelas glumas maiores que o antécio, nervadas, que caem juntamente com parte do pedicelo (KÄMPF, 1975).
Como exemplo podemos citar uma das espécies mais comuns do gênero na região o Polypogon elongatus (figura 8), que é perene, cespitosa, ereta, com 58 cm de altura. Folhas com bainhas glabras; lígula membranosa de 3,5 a 5 milímetros de comprimento; lâminas foliares com 5 a 10 x 0,1 a 0,3 cm, planas, escabras em ambas as faces. Panícula subcontraída, eixo principal definido, 24 cm de comprimento e espiguetas com 4,5 a 5 x 0,5 mm. Glumas lanceoladas, acuminado-aristadas, escabras na nervura central e margens, tricomas curtos no restante. Lema com 3,5 a 4,5 x 0,5 mm, lanceolado, nervado, ápice bífido, arista dorsal de 2 a 3 mm de comprimento, pálea com 1,5 x 0,2 mm, glabra, escabra no ápice. Três estames. Cariopse com 1 a 1,5 x 0,5 mm, castanho-clara, elíptica, lisa, não aderida à pálea.

Figura 8. Poaceae: Polypogon elongatus
Fonte: http://www2.ib.unicamp.br

3.3.3.4 Gênero Schizachyrium
Segundo Türpe (1984), o gênero Schizachyrium (Figura 9) pertence à tribo Andropogoneae e inclui cerca de 60 espécies distribuídas nas regiões tropicais e subtropicais do mundo, metade das quais ocorre na Américas.
As espécies de Schizachyrium apresentam inflorescências com um ramo florífero por espatéola e, como a maior parte dos demais representantes de Andropogoneae, espiguetas dispostas aos pares em cada nó da ráquis, uma séssil e uma pedicelada, estas caindo em conjunto com o entrenó da ráquis, a qual se desarticula na maturidade Türpe (1984).

Figura 9. Poaceae do gênero Schizachyrium
Fonte: http://www.ufrgs.br/fitoecologia

3.4 CAMPOS NATURAIS DA REGIÃO DE SÃO BENTO DO SUL
A região da Serra Catarinense está situada no sudoeste do estado de Santa Catarina, a cerca de 100 km do litoral. A região do planalto serrano compreende 19 municípios, correspondendo a uma área de 20.000 km2, onde vivem cerca de 280.000 pessoas. IBGE (2004).
Com montanhas superando os mil metros de altitude, o planalto abrange uma área que ocupa o sudeste de Santa Catarina e parte do nordeste do Rio Grande do Sul. No passado, a região tinha uma vasta cobertura de floresta de araucárias. Hoje, é caracterizada por grandes dimensões de campos ondulados (as chamadas coxilhas) e pequenas áreas de mata nativa. Há alguns aglomerados urbanos, destacando-se os municípios de Lages, com 160 mil habitantes, e de São Joaquim, com 22.790 habitantes IBGE (2004).
A paisagem predominante nessa porção de Santa Catarina é a de campos naturais e o sistema de produção mais difundido é a pecuária extensiva. Nesse sistema, o gado é criado solto na propriedade e não se faz nenhum tipo de manejo das pastagens. Apesar da baixa produtividade, a pecuária é a atividade socioeconômica mais importante do planalto e está presente em quase todas as propriedades, além de ser parte da história da região. Antes mesmo do povoamento, grandes rebanhos de bovinos já haviam ocupado os campos naturais do planalto. (ANDRADE 2001).

3.5 A ÁREA DE ESTUDO
A área escolhida trata-se de um campo de altitude, localizado no município de São Bento do Sul, bairro Rio Vermelho (figura 10). Com uma área de 80 hectares e altitude variando entre 919 a 990 metros, conforme medições feitas na área.
Está situado na serra do mar, no planalto norte de Santa Catarina, limita-se diretamente com os municípios de Rio Negrinho a oeste, Jaraguá do Sul a sudeste, Corupá a sul e sudeste, Campo Alegre a nordeste e o Paraná a noroeste (IBGE, ano 2006).
O clima é ameno e com distribuição de chuvas irregular durante o ano. Os registros pluviométricos médios são de 1200/1600 mm de precipitação anual e a temperatura registra valores médios entre 17 à 23ºC durante o dia, na maior parte do ano (IBGE 2006).


Figura 10. Imagem de satélite, plano geral de onde esta a área de estudo.
Fonte: Google Earth (2013) – Adaptado pelo autor
Figura 11. Vistas parciais da área de estudo.
Fonte: Do autor
Área de estudo

4 MATERIAIS E MÉTODOS
4.1 MÉTODO DE PARCELAS
O método de parcelas no Brasil, surgiu sob forte influência da escola europeia, que utilizava as técnicas de análise postuladas por Braun-Blanquet (LORENZINI, 2006).
O método de parcelas estabelece em campo, pequenas unidades amostrais distribuídas pela área de estudo, possibilitando uma representação adequada da diversidade local (DURIGAN, 2003). As unidades amostrais devem possuir formas e tamanhos predefinidos (DURIGAN E LEITÃO-FILHO, 1995; RODRIGUES, 1989). Entretanto, segundo Moscovich et al. (1999), a escolha da forma e do tamanho das unidades amostrais vem sendo mais influenciada em função de sua praticidade operacional do que por qualquer outro motivo.
O tamanho das parcelas deve ser coerente com a estrutura da comunidade estudada (DURIGAN, 2003). Matteucci e Colma (1982) sugerem que se optem por selecionar áreas com menor perímetro e superfície, para evitar o efeito de borda.
Este método possui as seguintes vantagens: possibilidade de obter todos os estimadores diretamente na unidade amostral e praticidade e simplicidade no estabelecimento das unidades amostrais em campo (PÉLLICO NETTO E BRENA, 1997).
No Brasil, comumente se utilizam parcelas quadradas de 10 × 10 metros, porém, neste trabalho, optamos por trabalhar com parcelas retangulares de 10 m X 5 m, que, segundo Brito et al. (2007) são consideradas mais representativas.

4.2 COLETA DE DADOS
As coletas foram realizadas em oito parcelas fixas de 10 x 5 m, distribuídas ao longo da área. Estas parcelas foram selecionadas percebendo-se as diversas características biotípicas da área de estudo. Foram marcadas duas parcelas em cada característica biotípica observada, conforme abaixo:
 Duas em afloramento rochoso (AF)
 Duas em campo limpo (CL)
 Duas em campo sujo (CJ)
 Duas em mata ciliar (MC)


Figura 12. Foto satélite da área trabalhada e os quadrantes.
Fonte: Google Earth (2013) – adaptado pelo autor

Durante o período sazonal de um ano coletamos material florescido nas parcelas. A coleta das amostras teve inicio no mês de setembro de 2012, coincidindo com o início da primavera, o término no final do inverno de 2013.
As saídas foram realizadas em duas visitas nas parcelas em cada estação do ano, uma no início e outra no final de cada estação.
Cada amostra coletada foi identificada na área com uma ficha de coleta de campo (figura 13) onde consta o número da coleta, número da parcela, data de coleta, as medidas da amostra e observações quando necessárias. Também foi realizado o registro fotográfico das amostras coletadas.

Figura 13. Ficha de coleta de campo.
Fonte: Do autor.

4.3 ANÁLISE DOS DADOS
O material coletado foi herborizado pelo método descrito no Manual Técnico da Vegetação Brasileira da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Coordenação do IBGE (2012) e identificado com ajuda de bibliografia especializada e chaves de identificação, principalmente as citadas por Barros (1960); Klein et al. (1981), (1982); Boldrini et al. (2008) entre outros.
Alguns exemplares foram encaminhados para o Herbário Miguel Klein da FURB, para auxiliar na identificação dos gêneros.
O tabelamento das possíveis espécies de cada gênero identificado, a observação visual dos exemplares e a época do ano em que foram coletados, nos permitiu realizar uma avaliação descritiva quanto a sazonalidade dos gêneros encontrados.

FICHA DE COLETA DE CAMPO

Análise da sazonalidade e diversidade de gêneros de poáceas em uma área de campo de altitude na cidade de São Bento do Sul – SC.
COLETOR: Paulo Geraldo dos Santos Lima

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1 ANÁLISE TAXONÔMICA
O presente trabalho teve por finalidade fazer um levantamento da ocorrência de Poaceae em uma área de campo de altitude, com a pretensão de identificarmos as espécies. Por não possuirmos material bibliográfico que nos auxiliasse na identificação até espécie, foi realizada a identificação até gênero.
Das oito coletas realizadas entre setembro de 2012 a agosto de 2013, foram coletadas 122 exemplares de gramíneas florescidas, dispostas em quatro gêneros: Axonopus, Panicum, Polypogon e Schizachyrium, conforme a figura a seguir:
Figura 14. Gêneros de poaceae coletados durante o trabalho de campo: a – Axonopus; b – Panicum; c - Polypogon e d – Schizachyrium.
Fonte: Do autor.
A tabela abaixo mostra a quantidade de exemplares de cada gênero coletado, nos informando à exata de cada gênero.

Tabela 1: número de exemplares coletados por gêneros. Gênero Nº de exemplares coletados

Axonopus
31 exemplares

Panicum
36 exemplares

Polypogon
33 exemplares

Schizachyrium
22 exemplares

Fonte: do autor
Observando a tabela acima podemos verificar que o gênero Panicum é o mais abundante na área de estudo, apresentando uma coleta com 36 exemplares, assim como também e o gênero com maior número de possíveis espécies (tabela 2).
Esta abundância pode ser percebida no trabalho de Viana e Filgueiras (2008), que também recolheu maior número de exemplares deste gênero.
A identificação taxonômica dos exemplares coletados se deu através de literatura especializada apresentando chaves de classificação específica para a família poaceae. A próxima tabela mostra o número de gêneros classificados taxonomicamente e apresenta o número possível de espécies de cada gênero, bem como o material utilizado para estas definições:
Tabela 02 – Identificação taxonômica e caracterização do material coletado quanto ao número de possíveis espécies por gênero, material testemunho e habitat (CL - Campo Limpo, CS – Campo Sujo, MC – Mata Ciliar e AR – Afloramento Rochoso). 



GÊNERO No DE POSSÍVEIS ESPÉCIES COLETADA MATERIAL TESTEMUNHO HABITAT
Axonopus
Boldrini et al. (2008)
CS – MC

Panicum
14
Boldrini et al. (2008)
CS – CL – AR

Polypogon
08
Clayton e Renvoize (1986)
AR – CL

Schizachyrium
03
Rosengurtt et al. (1968); Peichoto et al. (2008)
CS – CL

Fonte: Do autor
O Gênero Axonopus apresentou 12 possíveis espécies, tendo em vista que os exemplares confirmados (figura 15) apresentam características como sendo estoloníferas, menos comumente, cespitosas; ápice da lâmina foliar geralmente obtuso. Panícula de ramos unilaterais especiformes. Espigueta sem gluma I, com gluma II e lemas abaxiais à ráquis, ou seja, com o dorso voltado para fora da ráquis. O que segundo Boldrini et al. (2008), permite assim classificá-las.

Figura 15. Exsicatas das possíveis espécies coletadas pertencentes ao gênero Axonopus.
Fonte: Do autor

O Gênero Panicum apresentou 14 possíveis espécies, sendo este talvez, o mais importante encontrado na região. Tendo em vista que os exemplares confirmados (figura 16) apresentam características como panícula laxa ou panícula de ramos unilaterais especiformes, espiguetas com 1 a 2 floras, podendo faltar a páleaI. Estas características, segundo Boldrini et al. (2008) permite assim classificá-las.

Figura 16. Possíveis espécies coletadas pertencentes ao gênero Panicum.
Fonte: Do autor

O Gênero Polypogon apresentou 08 possíveis espécies (figura 17), apresentado glumas maior que o antécio, nervadas, que caem juntamente com parte do pedicelo, característica que de acordo com Kämpf (1975), nos permite classificá-las como pertencente a este gênero.

Figura 17. Possíveis espécies coletadas pertencentes ao gênero Polypogon.
Fonte: Do autor

O Gênero Schizachyrium apresentou 03 possíveis espécies, tendo em vista que os exemplares identificados (figura 18) apresentam características como inflorescências com um ramo florífero por espatéola e espiguetas dispostas aos pares em cada nó da ráquis, uma séssil e uma pedicelada, estas caindo em conjunto com o entrenó da ráquis, a qual se desarticula na maturidade o que segundo Türpe (1984) permite assim classificá-las.


Figura 18. Possíveis espécies coletadas pertencentes ao gênero Schizachyrium.
Fonte: Do autor

5.2 ANÁLISE DA SAZONALIDADE
O gráfico a seguir (figura 19) mostra a quantidade de exemplares coletados de todos os gêneros, indicando que o Polypogon, na primavera ocorreu em maior número, possibilitando a coleta de maior quantidade de exemplares, com 23 indivíduos.
Figura 19: Número de exemplares coletados em cada estação do ano no período de setembro de 2012 à agosto de 2013.
Fonte: do autor


A próxima tabela mostra o habitat dos gêneros coletados na área de estudo.
Podemos perceber também, que o gênero Panicum, esteve presente em todas as estações do ano, enquanto que as outras três aparecem em apenas duas estações. Assim como a primavera e a estação onde houve a ocorrência de todos os gêneros coletados.
Tabela 03 – Sazonalidade da floração e habitat dos gêneros coletadas (CL - Campo Limpo, CS – Campo Sujo, MC – Mata Ciliar e AR – Afloramento Rochoso). GÊNERO ORIGEM SAZONALIDADE DA FLORAÇÃO PRIMAVERA VERÃO OUTONO INVERNO


O Gênero Panicum destaca-se por apresentar indivíduos floridos em todas as estações do ano, tornando–se assim, o gênero de maior representatividade. Este comportamento também está evidente no inventário de Viana e Filgueiras (2008), onde se destaca junto com o gênero Axonopus. Rodela (1998) em seu levantamento florístico, destaca os dois gêneros como os mais representativos.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho apresenta um levantamento da sazonalidade da família Poaceae (gramíneas) em um campo de altitude, no município de São Bento do Sul, Santa Catarina. Foram identificados quatro gêneros, sendo eles: Axonopus, Panicum, Polypogon e Schizachyrium. A primavera foi a estação de maior incidência dos gêneros coletados, havendo a presença de todos. De acordo com outros trabalhos realizados de mesma natureza pudemos também perceber que o outono e o inverno é o momento em que se verifica a menor taxa de desenvolvimento vegetativo das espécies herbáceas, e no qual há o maior acúmulo de material vegetal senescente, responsável pelo aspecto paleáceo da vegetação.
Comparando os resultados obtidos com outros trabalhos publicados, desenvolvidos em áreas de mesma formação, verifica-se que este possui uma representatividade, uma vez que os gêneros coletados foram citados em outros levantamentos, com abundância do gênero Panicum.
A quantidade de exemplares coletados teve um número elevado, levando-se em consideração de que a área de estudo é utilizada para pecuária e encontra-se bem degradada. Esta constatação se dá também pela pouca quantidade de gêneros encontrada.
Pela escassez de trabalhos desta natureza, acreditamos que a continuidade deste levantamento se faz necessária. Poderá ter continuidade a partir deste ponto, para que se possa indicar o tamanho da degradação dos campos, assim como a identificação das espécies introduzidas.

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