domingo, 11 de maio de 2014

Mamíferos na URVE, fauna em São Bento do Sul


ARMADILHAS PARA MAMÍFEROS

Cachorro-do-mato

A URVE (Usina Rio Vermelho de Energia Ltda) realiza um minucioso estudo da mastofauna de médio e grande porte. Preocupado com conservação das espécies o empreendedor Frank Bollmann adquiriu em 2008 a primeira armadilha fotográfica, mas no ano de 2013 o trabalho foi intensificado com aquisição de mais armadilhas fotográficas, ferramentas essenciais para um projeto de caráter científico, escrito e acompanhado pelo Biólogo Marcelo Hübel. As armadilhas são estrategicamente posicionas nos 741 hectares (7.410.000 m²) da fazenda, que apresenta mais de 88% da área preservada, na localidade de Rio Natal.


Irara
 Foram marcados 4 sítios, ou parcelas, cada qual com 4 pontos amostrais. É possível identificar as espécies, existentes na propriedade e no entorno da URVE. A distribuição possibilita diferentes interpretações de habitats, considerando: altitude, vegetação, proximidade com áreas antropizadas, proximidade com a água.

Jaguatirica



As câmeras que capturam imagens e vídeos, apresentam sensor de presença para acionamento de captura da imagem com recurso de iluminação noturna, com luz infravermelho. Estas ainda apresentam recursos de programação para registrar informações nas fotos como: data, hora, localização, temperatura, fase da lua, número da foto, tendo ainda opções de intervalos de tempo entre os registros de imagem ou até preferências de períodos noturnos e diurnos. Este método não causa impacto ou estresse nas espécies.
Em uma semana são capturadas centenas de imagens, mas muitas repetem o mesmo indivíduo, contudo já foram registradas várias espécies como: puma, gato-do-mato, jaguatirica, gato-mourisco, macaco-prego, cuíca, cachorro-do-mato, quati, mão-pelada, veado, capivara, cutia, tatu-galinha, irara, tamanduá-mirim, gambá, entre outros.
Armadilha fotográfica
Mas o projeto não prevê apenas uma listagem taxonômica, mas também analisa a periodicidade de frequência dos animais, associado as estações do ano. Também é analisado o comportamento das espécies, como por exemplo do cachorro-do-mato. Esta espécie anda sempre em pares seja para reprodução ou para caçar. Em um dos sítios foi identificado um casal, o macho foi facilmente segregado pelo padrão de cor da cauda. O casal sempre andou junto sendo registrado em até dois sítios de amostragem, mas em um destes foi registrado durante o dia, sendo também mais frequente durante a noite, ficando evidente o seu principal reduto territorial. Mas por poucos dias a fêmea não foi mais observada, levando a suspeita de estar com filhotes, caso que foi confirmado nos dias seguintes com o surgimento de 4 filhotes. Estes acompanharam os pais por cerca de três meses. Os rastros foram marcando sua expansão de ocupação. Quando estavam quase na altura dos pais, começaram a formar pares e ocupar seu território, até o ponto de todos saírem do sítio amostral. O último filhote, com apenas ¼ de cauda foi o último a sair do local, deixando o espaço livre para outro cachorro-do-mato, que aparece mais reluzente, como um curioso intruso.

Puma - Leão-baio - Suçuarana 

São as observações, registros, estudos de comportamento que preenchem as 64 páginas do projeto, que continua em construção com uma contribuição ao conhecimento científico e abre perspectivas de cuidado na preservação das espécies pelo entendimento de seu ciclo, comportamento e território.
As áreas do vale do Rio Natal são ricas em espécies que apresentam amplo corredor de fluxo gênico e são mantidas pelas ações de conservação, fiscalização particular e da Polícia Militar Ambiental.