Sobre a Historia da Ornitologia Catarinense
Além da colaboração de Fritz Muller, uma das obras de maior importância para a pesquisa ornitológica catarinense é o trabalho publicado pela FATMA por Lenir Alda do Rosário (1996). A obra denomina-se “As Aves de Santa Catarina: distribuição geográfica e meio ambiente” e trata dos ambientes nos quais as aves estão inseridas, informações sobre cada espécie conhecida na época, localização geográfica e quantas vezes haviam sido vistas oficialmente, pranchas para identificação e informações básicas sobre a biologia de várias espécies.
Drymophila malura - choquinha carijó - Marcelo Hübel |
Para o Planalto Norte Catarinense um dos primeiros estudos registrados, realizados com aves, ocorreram em 1999 com o estudo de “Caracterização da Fauna” da empresa Terranova Brasil do Grupo Nueva, inicialmente pela Sociedade Fritz Müller de Ciências Naturais a Mülleriana por Fernando Costa Straube e na sequência pela empesa de consultoria SILVICONSULT. Os trabalhos seguiram especificamente em 2002 com o estudo “Gestão Ambiental – Levantamento e Avaliação dos Impactos do Manejo do Pinus sobre a Avifauna da Fazenda Rio Corredeiras da Terranova Brasil Ltda em Rio Negrinho – SC”, com a empresa de consultoria ECO da MATA, e atividade dos Biólogos Marcelo Hübel e Celso Darci Seger, que após 120 dias de acampamento, divididos em 30 meses, registraram 210 espécies de aves pertencentes a 42 famílias na Fazenda Rio Corredeiras em Rio Negrinho em Área de Preservação Permanente; Reserva Legal e borda de talhões com Pinus taeda.
Para Santa Catarina outros estudos significativos têm sido feitos por Joaquim Olinto Branco (2003; 2004), da UNIVALLI, e Carlos Eduardo Zimmerman (1995; 1996; 2006) da FURB de Blumenau. Outros estudos importantes, ainda, foram feitos na ilha de Florianópolis, no que refere-se a novos registros, levantamentos ornitológicos, ecologia, distribuição e conservação de algumas espécies específicas (AZEVEDO, M.A.G., MACHADO, D. A., ALBUQUERQUE, J. L.B., 2003; BRANCO et al, 2005; AZEVEDO & GHIZONI-Jr., 2005; AMORIM E PIACENTINI, 2006; OLMOS, PACHECO & SILVEIRA, 2006).
Estudos Faunísticos Recentes sobre as Aves de Santa Catarina
O estudo mais recente da avifauna no Planalto Norte Catarinense ocorreu no ano de 2010 e 2011 sendo parte do Plano de Manejo da APA Rio Vermelho Humbold, que regulamentou a UC em dezembro de 2011. Na avaliação foi constatadas uma riqueza de espécies, composta em uma listagem de 268 espécies de aves, distribuídas em 50 famílias e 20 ordens.
Thamnophilous caerulescens - choquinha-da-mata - Marcelo Hübel |
Muitos estudos realizados, não são vinculados como publicação científica, sendo desenvolvidos principalmente pelo setor florestal: GRUPO NUEVA, MASISA; MOBASA Battistella; RENOVA e CONFLORESTA, ou ainda a Pequena Central Hidrelétrica (PCH): Usina Rio Vermelho de Energia Ltda
A maioria das pesquisas referente à faunística ornitológica em Santa Catarina, têm sido realizadas no Vale do Itajaí, Florianópolis. Apesar disso, e também por como causa dessa concentração dos estudos em algumas regiões do estado, há grande tendência a expansão dos estudos de ornitofauna para outras regiões.
Nos Municípios de Campo Belo do Sul e Capão Alto foram realizados registros de espécies, por meio de contato áudio/visual e por auxílio de redes de neblina, que se iniciaram em março de 2003 e extenderam-se até agosto de 2009. O estudo foi feito pelo Grupo de Monitoramento de Fauna da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Departamento de Zoologia. Até julho de 2009 foram confirmadas 218 espécies, destacando-se por serem ameaçados em extinção como vulneráveis as espécies Harpyhaliaetus coronatus, Amazona pretrei eAmazona vinacea. Outras espécies que merecem destaque, demonstrando a grande riqueza de espécies de aves na RPPN Emílio Einsfild Fillho, são: Cairina moschata, Buteo melanoleucus, Spizaetus ornatus, S. melanoleucus, Percnohierax leucorrhous, Strix virgata, Asio stygius, Caprimulgus sericocaudatus, Clibanornis dendrocolaptoides, Phyllomyias griseocapilla, Polioptila lactea e Catharus ustulatus (AGNE et al, 2009).
Em 9 de janeiro de 2009, um indivíduo de Pariri Geotrygon montana foi capturado em redes de neblina, na localidade no Morro da Lagoa da Conceição (Floresta Ombrófila Densa), Florianópolis, a 283 m de altitude. O estudo foi realizado por Elsimar Silveira da Silva, Cid Rodrigo Rodriguez Espínola e Jorge Luiz Berger Albuquerque (2009) da Associação Montanha Viva, Florianópolis.
Também no litoral, em Penha, entre outubro de 2006 e Abril de 2007, foram registradas 45 espécies com o fim de criar-se uma Unidade de Conservação. A pesquisa foi realizada por meio de observações diretas e gravação de vocalizações pelo grupo Maria Laura Fontelles Ternes, Rosemeri Carvalho Marenzi e Juliana Hammel Saldanha (2009), da UNIVALLI, Itajaí.
Drymophila ferruginea - Trovoada - Marcelo Hübel |
Oriundo de deslocamentos erráticos, tendo ocorrendo do sul dos EUA à Argentina, foi avistado um indivíduo juvenil de Platalea ajaja no município de Canoinhas, em uma área urbana. Após a observação acidental entre 13 a 17 de janeiro de 2008, o trabalho de pesquisa foi desenvolvido por Andrea Larissa Boesing, Daniela Roberta Holdefer e Francieli Bronstrup (2009), da FAFI - União da Vitória, PR.
Apesar desses estudos, ainda são poucas as pesquisas faunísticas de base no que diz respeito a avifauna catarinense. Futuros estudos de levantamento de espécies da ornitofauna são fundamentais para pesquisas referente ao comportamento, ecologia geral, distribuição e conservação das aves do estado e, conseqüentemente, da Mata Atlântica.
O Clube de Observadores de Aves do Vale Europeu (COAVE) também realizou estudos que geraram a publicação do “Guia Observadores de Aves do Vale Europeu” por Lorival Beckhauser, Maicon Mohr e Marlon Jackson Tafner.
Fonte: Livro "Aves do Quiriri" Marcelo Hübel e Thiago Alex Dreveck - 2012