sexta-feira, 29 de julho de 2016
quinta-feira, 21 de julho de 2016
VINHO TRÊS FOLHAS engarrafado em Jaraguá do Sul
VINHO TRÊS FOLHAS engarrafado
em Jaraguá do Sul
INFORMAÇÕES DO
RÓTULO DA GARRAFA
VINHO TINTO DE MESA
TRÊS FOLHAS
INDUSTRIA BRASILEIRA
CONTEUDO 660ML
PRODUTORES
COOPERATIVA VINÍCOLA SÃO VICTOR LTDA
Rua Dr. Pestana, 65 – Caxias do Sul – R.G do Sul – Brasil
Reg.M.A. nº.............álcool até 12º - C.G.C. 88 617
766/0001 60 – Safra 1975
Engarrafado por: LUIZ KIENEEN S.A. Ind e Com. De
Bebidas
Av. Marechal Teodoro da Fonseca, 657/697 – Jaraguá do
Sul – S. Catarina C.G.C.M.F. nº84 429 844/0001
Recentemente
recebi de presente a garrafa de vinho, “Três Folhas” safra de 1975, que estava
estocada, esquecida no fundo do armário, mas de valor inestimável pois
ressurgiu como um marco de história, afinal a garrafa fechada representa mais
valor que aberta, deveria ser peça de museu.
O vinho foi
elaborado pela “Cooperativa Vinícola São Victor Ltda” localizada em Caxias do
Sul – RS, mas curiosamente foi engarrafada em Jaraguá do Sul - SC pela empresa
“Luiz Kiennenn SA. Ind. e Com de Bebidas”. Esta indústria de Jaraguá, foi
inaugurada em 1966 e além das bebidas alcóolicas também disponibilizava
essências e xaropes. O empreendedor entusiasta Sr. Luiz Kienen faleceu aos 81
anos. Já a distribuidora do vinho a da “Cooperativa Vinicola São Victor Ltda”, apresenta
origem embrionária do ano de 1929 pelo
descendente de italianos Agostinho
Zandomeneghi filho de imigrantes Pietro Zandomeneghi e Regina Brisoto,
iniciando as atividades na localidade de São Victor da 5ª Légua. O
crescimento da Cooperativas ocorreu em partes pelo método de transporte e neste
caso apresentava a ferrovia como principal forma de escoamento de produção, dos
vinhos que na verdade não produzia, mas distribuía de seus cooperados. O trem
partia de Caxias do Sul, passando por várias cidades, entre elas São Bento do
Sul, descendo pela serra de Rio Natal, Corupá e finalmente Jaraguá. Mas outras
vinícolas também se utilizavam desta forma de transporte. A Cooperativa no
final da década de 1990, teve produções em pelo menos duas fazendas
concentradas. Pelo ano de 2000 a vinícola está sufocada pelo crescimento urbano
e muda de endereço, já no ano de 2012 a vinícola muda de rumo e se funde com a
Cooperativa Nova Aliança que já apresentava outros “ramos de cooperativas” e
que no total somaram 900 associados.
E agora a garrafa
de vinho que recebi? Entendo que seja um produto caseiro, desenvolvido na serra
gaúcha, que pela força do cooperativismo rendeu lucros para um agricultor de
família tradicional e sustentou empresas e construiu uma história, viajou pela
estrada de ferro, chegou em Jaraguá, subiu a serra, e foi comprado,
provavelmente no “Mercado Kalhofer” lateral do Museu Municipal de SBS, para
virar quentão, mas por alguma razão ficou esquecido no fundo do armário. A
qualidade deste vinho? Quanto mais velho, menos fiel em suas características,
já está abaixo de sua curva de nível, e sendo feito de uvas americanas não deve
mais representar o gosta da uva, única qualidade perceptíveis para este
produto, e a tampinha de metal, não deve ter conseguido isolar o oxigênio por muito
tempo, e o vinho provavelmente virou vinagre. Fechado o vinho tem seu precioso
valor histórico e certamente não vou abrir para conferir minhas teorias
organolépticas.
sexta-feira, 15 de julho de 2016
SÃO BENTO DO SUL - SC nas OLIMPÍADAS com a Česká Republika.
SÃO BENTO DO SUL NAS OLIMPÍADAS PELO
MUSEU DE RALSKO POR PETR POLAKOVIČ –
REPÚBLICA TCHECA
Por iniciativa de PETR POLAKOVIČ da REPÚBLICA TCHECA São Bento do Sul será visto nas olimpíadas, apresentando o município na vitrine da Banda Treml e do Grupo Folclórico Bömerwald, como uma das referências da origem germânica da Boêmia para o Brasil. Vale lembrar que mais de 70% das primeiras famílias de São Bento, até o 5º ano de imigração, são provenientes da Boêmia que em 1873 pertencia a Áustria-Hungria, e antes de 1867 foi por séculos da própria Áustria, que atualmente é a República Tcheca (Česká Republika), Bömerwald é uma região que fazia divisa com a Alemanha local de origem de muitos imigrantes, como da família Treml. Deixo abaixo o texto e imagem do folder para apreciação. Também consta a Universidade UNIVILLE (Joinville/São Bento do Sul).
TEXTO DO FOLDER
O Museu dos Compatriotas Emigrantes no
BrasIl situa-se na localidade de Náhlov, município de Ralsko, região de Liberec
e foi fundado no ano de 2010 com o objetivo de chamar atenção, estudar e
desenvolver o tema, muitas vezes esquecido, sobre a história e a contribuição
da emigração a partir da região da atual República Tcheca para o Brasil.
Essa onda emigratória ocorreu – mais
intensamente – no século XIX, quando a nossa região não formava ainda um país
autônomo, mas sim parte do Império Austríaco. Grande parte dos imigrantes
deixaram as regiões de Liberec, Ústí nad Labem e de Šumava, ou seja, as regiões de fronteira com a atual
Alemanha, tratando-se assim de alemães tchecos – em sua maioria. Os
descendentes destes migrantes são chamados no Brasil de boêmios e mantiveram-se
unidos, formando comunidades nas cidades de São Bento do Sul, Joinville, Nova
Petrópolis, Venáncio Aires, Porto Alegre, Agudo, Paraíso do Sul, Candelária e
Cachoeira do Sul. Existem comunidades de tchecos em São Paulo, Piraju, Jaguari,
Guarany das Missões, Ijuí, Rolante, Erechim e em outras cidades. Temos uma base
de dados com cerca de 7000 nomes de emigrantes, com informações a respeito do
navio em que fizeram a viagem até o Brasil e onde se estabeleceram.
De suma importância para o progresso
migratório a partir da Europa Central foi à mudança de D. Leopoldina, a
arquiduquesa a partir da Europa Central foi à mudança de D. Leopoldina, a
arquiduquesa austríaca, para o Rio de Janeiro no ano de 1817, logo após seu
casamento com o príncipe-herdeiro D. Pedro. Participaram dessa viagem também os
“nossos” naturalistas: Johann Pohl de Česká
Kamenice, Johann Christian Mikan de Teplice, Dominik Sochor (local de
nascimento desconhecido), Heinrich Wilhelm Schott de Brno a Rochus Schück de
Linhartice, na região de Maravská Třebová.
Dominik Sochor faleceu próximo a Vila
Bella (MT) no ano de 1826, Rochus Schüch estabeleceu-se no Brasil e os outros
acabaram voltando para a Boêmia, ou melhor, para a Áustria. Antes deles já em
1807, Anton Hubert de Nový Bor tinha aberto uma loja de cristal em Salvador
(BA) e comprado extensos terrenos no município de Uma (BA). Um sucesso singular
foi alcançado pelos irmãos Franz e Josef Scheiner de Horní Libchava. Franz
tornou-se, em 1821, um dos principais fundadores da Sociedade Germânica no Rio
de Janeiro, no ano de 1828, foi nomeado para o cargo de cônsul da Áustria.
Josef Scheiner era o dono de uma grande fazenda na cidade de Cantagalo, próximo
à Nova Friburgo.
No ano de 1815 foi fundada no estado
de Minas Gerais a cidade de São João Nepomuceno. Em data não conhecida, mas
provavelmente antes de 1831, chega à cidade de Serro (MG) Jan Nepomuk Kubíček, carpinteiro oriundo dos arredores de Třebon e bisavô do presidente Juscelino
Kubitschek. No ano de 1867 Eduard Krisch de Rýmařov
chega à Joinville (SC) e em pouco tempo torna-se diretor da Colônia Hansa. Em
1893 parte para o Brasil uma expedição de Rovensko pod Troskami e arredores com
objetivo de fundar um povoado tcheco. Este objetivo não foi alcançado, porém
todos foram bem sucedidos: Jan Srna, junto com seus conterrâneos, fundou no ano
de 1895 a Associação Tcheca Slavia que funciona em São Paulo até hoje. Jan Hamáček de Mladá Boleslav, o tio-bisavô do
presidente do Parlamento da República Tcheca, se estabelece e funda a colônia
tcheca em Sabará (MG). František
Vladiír Lorenc, esperantista de Zbyslav, perto de Cáslav, o avô do atual cônsul
honorário no estado do Rio Grande do Sus, torna-se estimado professor, tradutor
e espiritualista. Temos que mencionar que no período de 1906 a 1908 atuou na
região de Santa Catarina o famoso viajante e naturalista Alberto Vojtěch Frič como
árbitro do conflito entre indígenas e imigrantes europeus e, no congresso
americanista em Viena no ano de 1908, propôs o modelo de reservas indígenas que
funciona até hoje. Frič,
depois da fundação da Tchecoslováquia, atuou no Brasil como o primeiro
diplomata.
As nossas terras aproximam-se através
dos amos: em 1908 Eliška Dobrzenská de
Chotěboř casou-se em Versailles com Pedro Bragança de
Petrópolis, RJ, filho da Princesa Isabel e Gastão de Orleans, Conde d’Eu. No
ano de 1942 estabeleceu-se no Brasil, forçadamente, o fenomenal empresário Jan
Antonín Bat’a, oriundo de Uherské Hradiště, e construiu quatro cidades nos estados de
Mato Grosso do Sul e São Paulo. Foi-lhe de grande ajuda Jindřich Trachta de Žeravice,
região Morávia.
É impossível lembrar e mencionar todas
aquelas pessoas corajosas, já que eram milhares delas. Uma coisa é certa: no
Brasil está crescendo cada vez mais o número de pessoas e famílias que estão
descobrindo as suas raízes na República Tcheca. Existem também algumas
cidades-irmãs: Jablonec nad Nisau e Nova Petrópolis desde o ano de 2007, Třebon e Diamantina desde 2013 e, por fim,
Nepomul e São João Nepomuceno desde 2016. Estes fatos visam favorecer o
desenvolvimento das relações culturais e comerciais. O nosso museu quer prestar
auxílio a todos os conterrâneos: Queremos ligar as famílias aqui e ali. É
prazeroso e, ao mesmo tempo, produtivo deparar-se sempre com novas conexões e
vínculos entre os nossos países.
Petr Polakovic, diretor do Museu, maio de 2016,
Ralsko
SITE DO MUSEU NA REPÚBLICA TCHECA REFERÊNCIA DOS 7000 BOÊMIOS QUE VIERAM PARA O BRASIL |
FOLDER OLIMPÍADAS 2016 - REPÚBLICA TCHECA - Museu dos Compatriotas Emigrantes Do Brasil da localidade de Náhlov, município de Ralsko |
sábado, 9 de julho de 2016
ÍNDIOS DE PAZ E GUERRA
ÍNDIOS DE PAZ E GUERRA em Santa Catarina
Causos do passado e fatos
verdadeiros, transcendem nas rodas de amigos, e ultrapassa gerações que guardam na memória as histórias de Basílio
Dutka (in memória). Basílio foi morador de uma localidade próxima de Bom Sucesso (que fica
após Moema/Itaiópolis), pelo ano de 1912 quando ainda era muito jovem, mas
ele morava isolado na vegetação nativa, com pouca área para lavrar e um pequeno
espaço para pastagem.
Neste local a presença dos índios sempre foi constante, e Basílio até aprendeu algumas palavras na língua do Xokleng. Certo dia Basílio foi
visitado por alguns índios, curiosos pelo seu almoço, feijão e carne. Basílio
ofereceu para eles levarem, mas não tinha uma vasilha, rapidamente um dos índios
entrou no mato e com folhas entre postas e entrelaçadas de caeté, providenciou
um compartimento semelhante a uma gamela. Após alguns dias os índios voltaram
no crepúsculo do amanhecer, entraram na casa e colocaram sobre a mesa um pedaço
de carne de porco do mato e de veado, e saíram correndo passando um pedaço de
galho nas tábuas da casa, que ao atritar nas emendar fazia o som repetido tec, tec, tec...., fazendo Basílio acordar e receber a surpresa do presente. Esta era uma das brincadeiras que os índios gostavam de fazer, e depois davam gritos curtos e agudos, como expressão de felicidade. Na propriedade do Basílio, no entorno da casa, de tempos em tempos faziam alguma brincadeira, como de prender um novilho na cerca e a vaca em outra, ou tirar o porco do chiqueiro prendendo este no galinheiro, ou ainda de provocar entre os morros o disparo de várias flechas, que voavam assobiando por sobre a casa.
Mas esta aproximação com os índios ocorria muitas vezes de forma repentina,
outro dia Basílio estava atrás de uma caça andando pela floresta, mas de forma
inesperada, caiu na armadilha dos índios, que o suspenderam com cipós por entre
as copas.
Os índios não deixavam trilhas, e um dia Basílio saiu para caçar e se surpreendeu ao entrar sem querer em um "acampamento" de índio, sendo recebido por uma irara adomesticada pelos índios, porem agressiva aos estranhos.
Os índios não deixavam trilhas, e um dia Basílio saiu para caçar e se surpreendeu ao entrar sem querer em um "acampamento" de índio, sendo recebido por uma irara adomesticada pelos índios, porem agressiva aos estranhos.
Mas nunca existiu
confronto ou desentendimento do Basílio com os índios, muito pelo contrário,
existia uma aproximação festiva e de bom relacionamento.
Mas Basílio não
esquece de uma história que ocorreu no passado, antes mesmo de sua residência na região, história que também foi passada pelo seu neto
(“Fritz” Nelson Dutka). As famílias de agricultores de Itaiópolis faziam o “pixirum”
no qual todos se ajudavam, trabalhando em conjunto em uma propriedade, passando
para a próxima, próxima, e assim todos tinham segurança no momento de plantio
ou colheita, com rendimento do trabalho, não existia cobrança pelo serviço, mas o compromisso de ajudar o próximo. Mas num determinado dia os homens saíram
para fazer o “pixirum”, e os índios invadiram suas casas perseguindo e matando
mulheres e crianças, mas duas mulheres se esconderam em uma árvore e
presenciaram tudo. Na volta dos homens foi relatado o ocorrido, e se instalou
uma fúria de raiva, ódio e vingança. Os homens se organizaram em um grupo
armado e foram na busca dos índios, após muitos dias de procura encontraram a
aglomeração de índios. Estes estavam organizados com vigilantes no entorno do “acampamento”,
mas estavam todos dormindo, os vigilantes encostados nas árvores, dormindo
sentados. Os homens vingativos entraram silenciosamente, cortaram o “cordão”
dos arcos, e iniciaram proferindo golpes de fação no pescoço dos vigilantes e assim
se estendeu a matança que, segundo relatos, passou de centenas de índios, de tal
forma que após alguns dias era possível sentir o cheiro dos cadáveres, mesmo
que de muito longe. HOMENS DE PAZ E DE GUERRA.