sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Imigrante Josef Zipperer 1873, o Boêmio da Áustria São Bento - Brasil.

Tópicos de algumas ocorrências no primeiro ano de São Bento.

São Bento no Passado – Reminiscências da Época da Fundação e Povoação do Município – Conforme diários reunidos por Josef Zipperer Sem. Em 1954 Jorge Zipperer publica o livro com Prefácio da 3ª edição em alemão datado em 1935. E do prefácio da 1ª edição em português datado em 1951 por Martim Zipperer.

Josef Zipperer
Josef Zipperer, Boêmio,  se designa Austríaco e demonstra com orgulho a semelhança do Brasil em relação a aproximação de algumas características com sua terra natal como a forma de governo, relevo...

NA BOÊMIA

- Josef Zipperer nasceu em 14/11/1847 em Rothenbaum na Boêmia, e emigrou em 1873 em São Bento fixando propriedade na Estrada Wunderwald, faleceu em 24/11/1934. 

-O jornal “O Catarinense” publicou as anotações de Josef Zipperer em 1913, depois foi feito um pequeno livro.

- “Floresta Negra” localização denominada pelos romanos das águas entre o mar do Norte e o mar Negro.

- O trabalho era como agregado com contrato renovado no dia de São Jorge, podiam ter um vaca, galinhas e uma pequena área para plantio. Mas ficavam a disposição para trabalhar ao dono da terra em qualquer momento recebendo 6 Kreuzer.

- Poucas pessoas frequentavam a escola, e ainda assim a maioria no inverno, pois o verão precisavam trabalhar.

- Praticava-se a caça, mas escondida, pois os animais eram de direito do grande senhor, barão, conde ou do latifundiário.

- Para melhorar a renda, alguns, praticava-se o contrabando de fumo, sal e outras mercadorias pela fronteira.

- Muitos imigraram 50 ou até 80 anos antes para a América do Norte ou  zona balcânica do Império Austríaco.

- Existia um interesse de emigrar para a Austrália embora ninguém sabia como era este continente.

- Zipperer viu na cidade vizinha de Furth, onde trabalhava de entregador para uma cervejaria, uma prospecto para emigrar para o Brasil, com terras festeis. Finalmente poderiam ser donos de sua própria terra e garantir a liberdade ao seus filhos. Num país governado pelo império, conforme a Áustria e de religião católica.

- 5 famílias da aldeia de Flecken aceitaram a proposta da Cia Colonizadora: Antonio Zipperer, Georg Stüber, Ignacio Rohrbacher, Jorge Zipperer e Antonio Suffeck, totalizando 27 pessoas. Venderam o pouco que tinham, participaram da última missa e seguiram viagem no dia 14/06/1873.

- Seguiram pela estrada de ferro embarcando na cidade de Furth, com baldeação em Leipzig e Magdeburgo até chegar no porto de Hamburgo, saindo no dia 17/06/1873. O navio “Sanzibar” transportava austríacos, galicianos (poloneses), pomeranos e poucos dinamarqueses.

NO NAVIO

- Jorge Zipperer trazia junto na bagagem um grande crucifixo de metal para colocar em frente a casa, conforme o costume.

- O navio apresentava fartura de comida, mas apenas um litro de água por dia por tripulante, para beber/banho... Logo surgiram piolhos e outros insetos.

NO BRASIL

- Quando chegaram levaram um dia para atracar no Porto de São Francisco e seguiram com pequenos lanchas até a colônia Dona Francisca (Joinville), na casa de recepção receberam alimento e proposta de trabalho para o Km 33 da estrada que se construía no alto da serra. Até este ponto seguiam de carroça, depois somente a pé ou com mulas por entre a picada.

- Após 15 dias de trabalho recebiam o dinheiro que cobria as despesas feitas no comércio, onde compravam fiado para obter feijão, farinha, caçarolas, carne seca etc.

- Chegaram em São Bento na margem de um riacho que recebia o mesmo nome e no dia seguinte (23 de setembro) receberam os lotes. Na então estrada Wunderwald ( Eng. que abriu a picada em 1853 pelo alto da serra para localizar as terras da Cia Colonizadora, depois segui com a picada para Blumenau e acabou falecendo).

- Os lotes eram sorteados, mas foi solicitado para deixar grupos conhecidos de mesma origem, e assim surgiu a estrada dos Poloneses.

- Cada imigrante com 20 anos, ou mais, poderia adquirir um lote com aproximadamente 10 alqueires (100 morgos/geiras).

- O primeiro abrigo foi construído, e após três semanas os bravos homens buscavam suas esposas e filhos de “Joinville”, mas antes voltavam a trabalhar na estrada por mais 3 semanas para então mudarem em definitivo.

- E a subida seguiu com a tropa de mulas com crianças nos cestos, mulher e pertences pessoais ficando no “Hotel dos Imigrantes”, a primeira recepção feita pela Cia Colonizadora. Este rancho também servia para os tropeiros “brasileiros” que traziam mantimentos, para trocar com outros produtos.

- Novembro iniciou o plantio de milho e feijão e ao mesmo tempo aumentavam e melhoravam as “casas”.

- 1874 primeiras semeaduras de centeio, com sementes vindas de Avencal de um velho imigrante, o Sr. João Sauer.

- No feriado santo de 02/02/1874, Zipperer entra em sua propriedade desafiar a densa vegetação para conhecer a propriedade e providenciar alguma caça. Não encontrou nenhuma caça, mas percebeu que estava perdido, seu tiros ao alto, acabou a munição, deu gritos, quando após seguir um rio foi encontrado. Nunca mais procurou caçar, nem mesmo os filhos, e a espingarda enferrujou no canto da casa. Muitos outros imigrantes também se perdiam na floresta.

- Sr. Henrique Reusing foi o primeiro comerciante, (junto da atual Praça Getúlio Vargas).

- Escreviam cartas aos amigos e parente da Áustria com referência que nem o Barão de Münchhausen faria melhor descrição de tamanha exuberância. Com referências que não pagavam pelos médicos, pelo ensino e não existiam impostos. Mas não mencionavam que não existiam médicos, nem escolas e a caça era escassa.


São Bento no Passado – Reminiscências da Época da Fundação e Povoação do Município – Conforme diários reunidos por Josef Zipperer Sem. Em 1954 Jorge Zipperer publica o livro com Prefácio da 3ª edição em alemão datado em 1935. E do prefácio da 1ª edição em português datado em 1951 por Martim Zipperer.
IGREJA DE ROTHENBAUM  veja também
https://saobentonopassado.wordpress.com/2013/11/20/rothenbaum-a-paroquia-destruida/

VEJA TAMBÉM 

A DISTRIBUIÇÃO DOS LOTES DA COLONIZAÇÃO NO ENDEREÇO
http://marcelohubel.blogspot.com.br/2014/09/os-imigrantes-e-os-lotes-da-colonizacao.html

FOTOS HISTÓRICAS DE SÃO BENTO DO SUL


sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Boêmio Boémio Čechy Böhmen ou Tcheco

Vinicius Dela Pace

Um esclarecimento de ordem legal (digamos nominal)

O Reino da Boêmia existiu como monarquia hereditária de 1212 até 1918 (sendo que de 1620 a 1918 esteve anexado ao Reino da Áustria), os imigrantes vindos da Boêmia, deveriam ser denominados como boêmios, porém alguns foram classificados como austríacos e outros pelo dialeto ou idioma falado como alemães, tchecos, poloneses, húngaros e até mesmo de russos.


Brasão de armas do Reino da Boémia
Mas quem era natural da Boêmia, deve ser denominado naturalmente como Boêmio até 1919.

Em 28/10/1918 a Boêmia com outras regiões, se desmembra da Áustria, e torna-se uma república e muda de nome, passando a chamar-se República da Tchecoeslovaquia, entretanto os imigrantes ficaram denominados como Boêmios. 

Porém os que regularizaram sua cidadania passaram a ser denominados como tchecoeslovacos, porém poucos fizeram esta regularização, então seus descendentes "perderam aparentemente" o direito a cidadania tchecoeslovaca.

Em 23/12/1992 a República da Tchecoeslovaquia é dividida em duas nações independentes, e surge em 01/01/1993 a República Tcheca, sendo então denominados de tchecos os cidadãos oriundos desta região e país na Europa.

A palavra tcheca deixou de definir uma etnia de origem eslava e passou a definir uma cidadania/nacionalidade.

Portanto quem é natural ou descende de cidadão nascido na região da Boêmia, Morávia e Silésia Sudetina, passou nominalmente a ser denominado de tcheco.

Algo bem simples: no período da monarquia são denominados como boemios, com o advento da república como tchecos, independentemente de suas origens étnicas como germânica, eslava ou magiare "húngaros".

Na realidade quem perde com esta nova denominação são os tchecos, a palavra que antes definia sua etnia de origem eslava, deixa de definir um determinado povo, e passa definir todos os cidadãos desta nação chamada de República Tcheca.